Veículo: Jornal Hora Extra
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Data: 29/07/2024

Editoria: Sem categoria
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Câncer de mama pode comprometer o funcionamento do coração

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o mais incidente em mulheres no Brasil, com o registro de 73.610 novos casos só em 2023. Além dos riscos da doença, sobretudo quando não diagnosticada de forma precoce, o tumor pode atingir as estruturas cardíacas e trazer outros prejuízos à saúde.

Graças às campanhas de conscientização, que trazem informações sobre diagnóstico, sintoma do câncer de mama e tratamento, o Ministério da Saúde aponta que houve aumento da cura de pacientes. No entanto, a possibilidade do desenvolvimento de doenças cardiovasculares acende um alerta.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), quando qualquer tipo de câncer é diagnosticado, o comprometimento do coração pode chegar a 20%, dependendo do quadro. Nos casos dos tumores que atingem a mama, as estatísticas mostram que 15% dos óbitos ocorrem por causas cardiovasculares, oito anos após o tratamento oncológico.

Ainda conforme a SBC, os motivos que relacionam o câncer de mama às doenças cardiovasculares são os tratamentos utilizados para enfraquecer as células cancerígenas no organismo. Por isso, uma das medidas recomendadas é o trabalho em conjunto entre o hospital de cardiologia e o de oncologia, a fim de traçar estratégias de prevenção para as doenças cardíacas.

Composição dos medicamentos pode aumentar riscos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que, após o diagnóstico do câncer de mama, o paciente recebe um tratamento individualizado com o uso de medicamentos quimioterápicos. A SBC alerta que há componentes dessas medicações capazes de aumentar o risco de toxicidade no coração, o que propicia o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Entre os exemplos citados pela SBC estão as antraciclinas. O maior ensaio clínico brasileiro no cenário de prevenção de cardiotoxicidade pela droga avaliou 200 pacientes com câncer de mama e observou uma incidência de 14% da toxicidade.

Já o trastuzumabe, outro fármaco frequentemente utilizado nas pacientes com a condição, também está associado ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca, podendo chegar a 27% de incidência.

A SBC destaca que a radioterapia e a terapia hormonal, outros tipos de tratamentos comuns em casos com esse tumor, estão relacionadas ao desenvolvimento de doença arterial coronariana. Pesquisa feita com mais de 2 mil pacientes tratadas com radioterapia identificou que 21,5% desenvolveram doenças cardiovasculares até sete anos após o início do tratamento.

Pesquisas científicas também relacionam os medicamentos com problemas cardíacos. Estudo publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia (ABC Cardiol) destacou que um grupo com câncer de mama apresentou níveis mais elevados de biomarcadores cardiovasculares, ferramenta importante para o diagnóstico de insuficiência cardíaca aguda.

A SBC enfatiza que os dados não devem alarmar a população para evitar o tratamento contra o câncer de mama e, sim, conscientizar sobre a importância da interação entre a cardiologia e a oncologia. Ao se unirem, as duas áreas podem traçar estratégias de prevenção para evitar complicações cardiovasculares e garantir o bem-estar do paciente.

Importância do diagnóstico precoce e do estilo de vida

O acompanhamento e os cuidados com a saúde são fundamentais para evitar os riscos de desenvolvimento de câncer e, também, garantir o tratamento adequado para os pacientes. O Inca destaca que a descoberta de qualquer tipo da doença no estágio inicial aumenta as chances de cura.

diagnóstico precoce do câncer do colo do útero, por exemplo, permite maior qualidade de vida para as pacientes durante o tratamento, que tende a ser menos invasivo na fase inicial. O mesmo acontece com o câncer de mama e outros tipos da doença.

Além disso, a detecção precoce reduz a possibilidade de complicações futuras, incluindo os problemas cardiovasculares. A SBC informa que a mortalidade por problemas no coração é maior em pacientes que recebem o diagnóstico em estágios mais avançados e naqueles com mais de 75 anos.

O Ministério da Saúde informa que há fatores de risco em comum para ambas as condições. Tabagismo, sedentarismo, alimentação e obesidade são alguns exemplos. Por esse motivo, o órgão recomenda que pessoas que já tiveram ou sofrem com o câncer tenham uma atenção especial ao estilo de vida e aos fatores de risco cardiovasculares.

Ingerir frutas, cereais, legumes e verduras é aconselhável para manter uma alimentação mais saudável. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas deve ser evitado, pois pode aumentar as chances de cardiopatia.

Mulheres acima dos 40 anos devem realizar a mamografia a cada dois anos, principalmente, aquelas que já têm histórico de doença na família. A OMS aponta ser essencial buscar apoio médico ao notar a presença de qualquer sintoma, sejam eles associados ao câncer de mama ou às doenças cardiovasculares.