Veículo: Medscape
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Data: 08/07/2024

Editoria: Sem categoria
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Adição de platina melhora a sobrevida no câncer de mama triplo-negativo precoce

Estados Unidos — A associação de carboplatina ao tratamento padrão com antraciclina/taxano para tratar câncer de mama triplo-negativo em estágio inicial melhora a sobrevida livre de eventos e a sobrevida global no cenário neoadjuvante e adjuvante, de acordo com um estudo de fase 3 apresentado em 3 de junho na Reunião Anual de 2024 da American Society of Clinical Oncology (ASCO).

O benefício de sobrevida livre de eventos alcançou significância estatística (p = 0,012), enquanto o benefício de sobrevida global ficou pouco abaixo da significância estatística (p = 0,057).

Os desfechos do estudo sul-coreano, denominado PEARLY, fornecem fortes evidências da incorporação da carboplatina tanto no contexto neoadjuvante quanto no adjuvante em pacientes com câncer de mama triplo-negativo em estágio inicial, disse o primeiro autor e apresentador da pesquisa, Dr. Joohyuk Sohn, Ph.D., oncologista afiliado à Universidade Yonsei, na Coreia do Sul.

No câncer de mama triplo-negativo em estágio inicial, a carboplatina já está sendo incorporada no cenário neoadjuvante com base nos resultados do ensaio KEYNOTE-522, que demonstraram maiores taxas de resposta patológica completa e melhor sobrevida livre de eventos com uso de platina associada ao pembrolizumabe.

No entanto, o benefício da carboplatina na sobrevida global neste cenário ainda é obscuro, assim como o benefício do acréscimo de platina no cenário adjuvante, explicou O Dr. Joohyuk.

Ele e seus colaboradores randomizaram 868 pacientes para tratamento padrão — doxorrubicina, antraciclina e ciclofosfamida seguida de taxano — ou para um braço experimental que adicionou carboplatina à fase de tratamento com taxano.

Cerca de 30% das pacientes foram tratadas em ambiente adjuvante e o restante em cenário neoadjuvante. Os dois braços do estudo foram em geral bem equilibrados — cerca de 80% tinham doença em estágio II, metade tinha linfonodos negativos e 11% tinham mutações germinativas deletérias.

O desfecho primário, definido como sobrevida livre de eventos, foi abrangente. Os eventos considerados foram progressão da doença, recorrência local ou distante, ocorrência de um segundo câncer primário, estado inoperável após tratamento neoadjuvante ou morte por qualquer causa.

A adição de carboplatina aumentou as taxas de sobrevida livre de eventos em cinco anos de 75,1% para 82,3% (razão de risco [RR] = 0,67; p = 0,012), com o benefício sendo mantido em várias análises de subgrupos, e sendo particularmente forte para carboplatina adjuvante (RR = 0,26).

A sobrevida global em cinco anos também foi melhor no braço da carboplatina — 90,7% versus 87% no braço controle (RR = 0,65; intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,42 a 1,02) —, mas esse benefício não alcançou significância estatística (p = 0,057)

A sobrevida livre de doença invasiva (RR = −0,73) e a sobrevida livre de recidiva à distância (RR = 0,77) favoreceram a carboplatina, mas os resultados também não foram estatisticamente significativos.

Ao todo, 46% das pacientes tiveram uma resposta patológica completa com carboplatina vs. quase 40% no braço controle. O benefício da resposta patológica completa do acréscimo de carboplatina coincide com o de estudos anteriores.

Como esperado, o acréscimo de carboplatina ao tratamento aumentou a toxicidade hematológica e outros eventos adversos, com 75% das pacientes apresentando eventos adversos de grau ≥ 3 vs. 56,7% no grupo controle. Houve uma morte por pneumonia no braço da carboplatina e duas no braço de controle, uma por choque séptico e outra por suicídio.

O Dr. Joohyuk e seus colaboradores, no entanto, não observaram diferença na qualidade de vida entre os dois grupos.

“O estudo PEARLY fornece evidências convincentes para o acréscimo da carboplatina no tratamento do câncer de mama triplo-negativo em estágio inicial”, concluiu, acrescentando que os resultados ressaltam o benefício no cenário neoadjuvante e sugerem “potencial aplicabilidade no cenário adjuvante pós-operatório”.

O debatedor do estudo, Dr. Javier Cortes, Ph.D., acredita que o PEARLY seja um forte sinal para o acréscimo de carboplatina no cenário adjuvante.

“É algo que eu faria na minha prática clínica”, disse o Dr. Javier, médico e chefe do International Breast Cancer Center, na ​​Espanha. “Depois da ASCO deste ano, eu ofereceria taxanos + carboplatina após antraciclinas.”

Um espectador do evento, Dr. William Sikov, médico especialista em câncer de mama vinculado à Brown University, nos EUA, disse esperar “que este seja o fim de um caminho que começou há muitos anos, em termos de incorporação de carboplatina como parte dos tratamentos neoadjuvante e adjuvante para o câncer de mama triplo-negativo. Finalmente chegamos ao consenso de que isso é necessário para nossas pacientes com esse tipo de tumor”.

O trabalho recebeu financiamento do governo da Coreia do Sul e de outros países. O Dr. Joohyuk Sohn informou ser proprietário de ações da Daiichi Sankyo e receber fundos de pesquisa da Daiichi e de outras companhias. O Dr. Javier Cortes informou diversas relações com a indústria, inclusive recebimento de honorários, fundos de pesquisa e/ou despesas de viagem da AstraZeneca, da Daiichi e de outras empresas.