Veículo: Folha de Pernambuco
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Data: 23/05/2024

Editoria: Sem categoria
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Mortalidade por câncer de mama no Brasil aumenta 86,2% nas últimas duas décadas

Um novo estudo revelou um aumento de 86,2% na taxa de mortalidade por câncer de mama no Brasil e aqueceu o debate sobre o tema entre médicos e pesquisadores da doença. O levantamento recém-divulgado pela Umane (SP), associação civil dedicada ao apoio às iniciativas de saúde pública, cruzou dados do Sistema de Informações da Mortalidade (SIM/SUS) e observou que a taxa subiu de 9,4 por 100 mil habitantes em 2000 para 17,5 em 2022. Ao mesmo tempo, a mortalidade pela doença reduziu na maioria dos países nas últimas décadas. É um resultado desastroso para nossa população, fruto de múltiplos fatores, como as modificações negativas nos hábitos de vida, o diagnóstico da doença em um estágio avançado e a dificuldade de acesso ao tratamento.

Quando diagnosticado precocemente, o câncer de mama alcança taxas de cura superiores a 95%. É fundamental que as mulheres em idades mais susceptíveis realizem o autoexame mensal e os exames de imagem de rastreamento periódicos, que permitem a detecção da doença no estágio inicial. A mamografia é o principal exame e deve ser realizada anualmente na mulher a partir dos 40 anos, de acordo com várias sociedades médicas. Para falar sobre o assunto com mais detalhes, Patrícia Breda, âncora da Rádio Folha 96,7, conversou no Canal Saúde com a radiologista do Centro de Diagnóstico Lucilo Ávila, Mirela Ávila que falou sobre os dados preocupantes de câncer de mama no Brasil.

“É observado claramente que a mortalidade do câncer de mama no Brasil aumentou e vai de contra o que está acontecendo no resto do mundo. O que é que a gente tá fazendo errado? Estamos na verdade observando obviamente o envelhecimento populacional que faz com que a gente tenha maior incidência de câncer, mas não justifica que a gente tenha um aumento de mortalidade em todas as faixas etárias de acometimento. E aí a gente volta para olhar, o que é que tá acontecendo no diagnóstico e no acesso ao tratamento? O que a gente observa é que existe uma falha muito grande no diagnóstico de uma fase onde o câncer ainda seria curável, na fase precoce e existe também uma dificuldade grande de acesso daquela mulher diagnosticada com câncer de mama para que chegue efetivamente a um tratamento eficaz. Para que a gente consiga diagnosticar precocemente a gente precisa rastrear essa doença no estágio onde ela ainda não é avançada, onde ela ainda não está completamente instalada de uma forma determinada e isso a gente consegue ver através do exame de imagem.”

A especialista citou os problemas de acesso ao diagnóstico no Brasil

“Temos uma dificuldade muito grande de acesso aos ambientes diagnóstico começando exatamente pela cobertura mamográfica, entende-se por todos dados médicas mundiais, e todos os protocolos que a mulher deve começar a fazer mamografia a partir dos 40 anos de idade pelo menos uma vez no ano e é assim que a gente conseguiria detectar a doença precocemente. No Brasil, a mulher tem direito a realizar uma mamografia apenas a partir dos 50 anos de idade, só que 40% dos diagnósticos estão ocorrendo antes dessa faixa etária, então a gente não está dando acesso às mulheres a conseguirem diagnosticar a doença através de um exame de rastreamento para que se consiga achar a doença que ainda não está visível, e clinicamente falando que ainda não está palpável. Ela é vista apenas nos exames de imagem e se eu não dou essa possibilidade de a mulher realizar o exame de rastreamento, não conseguimos ter maior chance de cura.”