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Data: 17/11/2023

Editoria: Sem categoria
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Câncer de mama: os avanços no tratamento e como mulheres vivem bem apesar da doença

Na terceira e última reportagem da série sobre o câncer de mama, a repórter Lilian Ribeiro mostra o avanço nos tratamentos e história de mulheres vivem bem apesar da doença.

A Mônica não queria ver. “Eu senti que estava uma alteração na minha mama esquerda, eu falei ‘tem alguma coisa errada’”, conta Monica Pereira Santana, técnica de enfermagem.

Não queria se ver. “Eu não me percebia muito, não me olhava muito no espelho, quando eu senti eu fiquei um pouco nervosa. Falei: toco ou não toco?”

“O medo do diagnóstico de câncer eu diria que é o medo do sofrimento. Medo de morrer? Talvez, mas eu acho que é o processo. E isso assusta as pessoas, por isso esse estigma. ‘Nossa, estou com câncer, vou morrer’”, afirma a psicóloga Márcia Costa.

Mônica precisou enfrentar o medo e encarar o tratamento. Ao todo, serão oito sessões de quimioterapia.

“Um monte de gente fala muitas coisas, então minha cabeça fala: ‘Meu Deus, como é que eu vou ficar? Como é que eu vou me sentir?’. E, assim, a primeira foi tranquila. Tive enjoo, azia, mal estar, o corpo só quer cama, depois senti mais dores no corpo, mas falei: ‘É o momento, são só esses dias’. Depois, foi melhorando.

É uma palavra que ainda assusta muita gente: quimioterapia. O que nem todo mundo sabe é que ela não é necessária pra todas as pacientes. E mesmo as que precisam dela podem receber medicações diferentes dependendo do tipo de tumor de mama.

“Os efeitos colaterais eles vão variar também de acordo com o tipo de quimioterapia. Muita gente não sabe, mas tem quimioterapia na forma de comprimido também e tem muitas quimioterapias que são venosas como um soro. Algumas quimioterapias causam enjoo, outras não causam”, afirma José Bines, oncologista e pesquisador do Inca.
Tradicionalmente, a quimioterapia agem de forma mais genérica, digamos assim. É como se, ao abordar a célula, ela fizesse a seguinte pergunta: você se multiplica rápido? E, quando a resposta é sim, a químio ataca aquela célula. Mas por ter esse mecanismo de ação ela também pode acabar atingindo outros tecidos que têm essa mesma característica, como, por exemplo, as células do couro cabeludo. E aí podem surgir efeitos colaterais – como a queda de cabelo.

As pesquisas vêm evoluindo e, hoje, já há remédios que fazem perguntas mais certeiras. São capazes de reconhecer e atacar a célula do câncer sem agredir ou, pelo menos, agredindo menos o restante do corpo.

Mas não são todas as pacientes que têm acesso a essas tecnologias.

“Felizmente, o câncer de mama e curável para grande maioria das mulheres. Mas quais são essas mulheres? São as mulheres que, número um, têm o diagnóstico precoce; que, número dois, não têm atraso entre o diagnóstico e o começo do tratamento; que, número três, têm acesso a todos os tratamentos necessários, que variam de caso a caso, para que o câncer seja completamente erradicado e curado”, explica Fernando Maluf, oncologista e fundador do Instituto Vencer o Câncer.

Foi a partir da experiência do câncer de mama que a Maria Thereza, que hoje está curada, mudou o estilo de vida. Ela começou a abandonar o sedentarismo ainda durante a químio.

“O médico falou que eu não tinha esse direito de ficar prostrada. Aí eu comecei a caminhar em volta da mesa da sala. Bem devagar, aí eu comecei a ir para o corredor, ai eu queria descer, mas dava tonteira, aí eu voltava. Até chegar um tempo de ele chegar e falar: agora você desce, fica 15 minutos lá embaixo”, conta Maria Thereza Santos Rodrigues Pereira, dona de casa.
Os 15 minutos viraram corridas de 5, 10 quilômetros… São Silvestre, meia maratona.

“Você não pode ficar assim: ‘Ah, estou com câncer, não vou fazer isso, não vou fazer aquilo, não vai dar certo’. Você tem que falar: ‘Não, vai dar certo’. Mesmo com medo, faça. Mesmo com medo, vá. O diagnóstico não é destino”, conta Maria Thereza.
Não mesmo. A Jussara convive com o câncer há 16 anos. É uma paciente metastática.

“Eu tive metástase nos pulmões, metástases ósseas, metástase cerebral e, agora, metástase no fígado”, conta Jussara Del Moral, funcionária pública.

“Antigamente, isso era considerado como um critério de que a pessoa ia viver poucos anos. Mas hoje em dia, é possível que essas mulheres tenham uma vida plena por muitos anos, com controle da doença e com qualidade de vida”, afirma Fernanda Maria Marinho, mastologista.

Até o momento, a ciência não fala em cura para quando a doença chega nesse estágio.

“Nem todo paciente… Como é que eu vou falar? ‘Está morrendo’. Porque, na verdade, todos nós estamos morrendo todos os dias. Então, eu desmistifico isso dizendo que dá pra viver com câncer”, conta Jussara.
Como a própria Jussara diz, ela é uma super vivente.

“Eu falo que quem está doente são os meus exames, os exames estão doentes, mas eu estou ótima. Eu estou viva e estou super vivendo. Então, eu sempre falo: ‘Se eu morrer amanhã, por favor, não digam que eu perdi pro câncer, porque eu já ganhei dele faz tempo’”.