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Data: 30/10/2023

Editoria: Sem categoria
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Outubro rosa: lidando com o câncer de mama

Hoje nossa coluna será um tema de grande importância para todas nos mulheres, assunto que já foi um tabu nos anos 1980 e que hoje, com todo o avanço das lutas femininas, podemos e devemos falar abertamente sobre o câncer de mama. E quem irá compartilhar a sua trajetória até o diagnóstico, aceitação e tratamento conosco é uma mulher muito especial e inspiradora: doutora Iêda Cagni.

“Em outubro de 2022 no mês do outubro rosa, olha que coincidência, atuando como secretária-geral de administração da Advocacia-Geral da União, integrante do conselho de administração da Petrobras e presidente do conselho de administração do Banco do Brasil, que dispunha de quase nem um tempo para o meu autocuidado, lazer, descanso ou sequer qualquer outra atividade que não fosse o trabalho. Mas, no final do mês recebi a visita das minhas irmãs em casa, e numa conversa descontraída ao passar a mão no meu seio senti um nódulo bem pequeno, mas era um nódulo! E, mesmo com uma agenda atribulada de tarefas e entregas agendei exames de mamografia e ultrassonografia, afinal a saúde deve ser prioridade. Os resultados desses exames sugeriram uma investigação mais aprofundada por ressonância magnética, posteriormente biópsia e o resultado veio em novembro daquele ano e a notícia não era nada boa, afinal era um diagnóstico de câncer de mama.

Tenho 49 anos, sou formada em direito, sou procuradora da Fazenda Nacional desde 2008, sempre pratiquei atividade física, sempre tive uma alimentação superequilibrada, meus exames laboratoriais são invejáveis sempre me achei uma pessoa alto astral, feliz e otimista. Definitivamente eu não me considerava uma pessoa com perfil que pudesse ter câncer, e pensava o tempo todo: não sei de onde tirei isso! mas era assim que eu pensava.

Receber o diagnóstico de um câncer de mama, para mim era uma sensação igual a pular de paraquedas sem nenhum treinamento ao conhecimento sobre o equipamento e nem como se portar durante os segundos de queda-livre. Você não sabe como vai aterrissar! Estava a caminho do aeroporto para pegar o voo de volta para Brasília quando o médico me ligou e disse que o resultado para câncer de mama era positivo.

Essa uma hora e meia de voo até Brasília me permitiu reviver todos os meus 49 anos, pensar na minha família, tentar entender o meu presente e buscar um horizonte no futuro. Mas é importante dizer, não foi nada simples, não sabia o que ia acontecer, em que fase estaria o tumor, qual seria o tratamento, como meu corpo reagiria e qual seria o resultado. Passado o susto, pedi a Deus sabedoria para lidar com a situação e tranquilidade para minha família e amigos.

A partir daí a vida se tornou um rio, seguiu seu fluxo, fiz todos os procedimentos necessários para fazer um tratamento adequado, cumpri toda minha agenda de compromissos, me organizei e de forma muito serena fiz a cirurgia em 13 de dezembro de 2022. Não precisei de quimioterapia, o tumor era pequeno, fiz radioterapia e hoje estou na fase da hormonioterapia.

Meu tratamento durará até 2028, estou super bem, com minha vida sob controle e cuidando da minha saúde mental e emocional. Não lamento ter tido a doença, nunca questionei a Deus por quê, não sei a origem pois não tenho histórico familiar, mas agradeço a Deus todos os dias pela forma como me conduziu nesse desafio. Agradeço minha família e amigos e, se puder contribuir de alguma forma farei este pedido aqui: Aproveitem o mês do outubro rosa, façam o autoexame, fiquem atentas aos sinais do seu corpo, pois quanto mais recente qualquer problema for descoberto maiores são as chances de cura, coloquem um aviso na agenda do celular se for preciso, “fazer autoexame de mamas”!

Podemos ser superpoderosas profissionalmente, mas não podemos esquecer que somos seres humanos e precisamos ter atenção conosco antes que a saúde cobre, o corpo reclama e muitas vezes não temos o controle da situação. Se ame mais, se cuide mais, exatamente para continuarem sendo superpoderosas.”

Conforme informações fornecidas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo que mais afeta mulheres globalmente. Olhar para si mesma e se cuidar antes de querer salvar o mundo, é mudar o mundo!