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Data: 27/10/2023

Editoria: Sem categoria
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Droga reduz em até um terço risco de recidiva para câncer de mama agressivo

abemaciclibe, droga para tratamento de câncer de mama de alto risco, teve sucesso na redução de 32% do risco de recidiva, isto é, de retorno do tumor, após cinco anos de uso do medicamento.

Além disso, a droga também mostrou benefícios comparáveis ao uso por dois anos, indicando uma maior chance de sobrevida livre da doença no intervalo analisado, com um perfil de segurança (incidência de efeitos adversos) também elevado.

Os resultados do estudo global monarchE, conduzido pela fabricante Eli Lilly, foram apresentados na última semana no Esmo (Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia, em inglês), que aconteceu de 20 a 24 de outubro, em Madri (Espanha).

O abemaciclibe (comercializado pelo nome Verzenios) é um inibidor de ciclina indicado como terapia hormonal adjuvante para pacientes com câncer de mama receptor hormonal positivo ou duplo negativo (HR+/HER2-) com linfonodo positivo e alto risco de recidiva. De acordo com estimativas do Inca (Instituto Nacional do Câncer), são esperados 73 mil novos casos de câncer de mama para o triênio 2023-2025, com aproximadamente 65% dos casos receptores hormonais positivos. Destes, cerca de um quinto é considerado de alto risco.

“Os tumores de mama HR+/HER2- de alto risco são mais ou menos 50% a 60% dos casos, então estamos falando de um número elevado de mulheres que podem ter alto risco de recorrência”, explica a oncologista Laura Testa, pesquisadora brasileira à frente do estudo global.

O abemaciclibe foi aprovado em 2019 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso no Brasil e incorporado ao SUS (Sistema Único de Saúde) pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao SUS) em 2021, junto com outras drogas similares mas, como mostrou reportagem da Folha de julho, passados dois anos desde a incorporação, as terapias ainda não estão disponíveis no sistema público.

O abemaciclibe foi aprovado em 2019 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso no Brasil e incorporado ao SUS (Sistema Único de Saúde) pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao SUS) em 2021, junto com outras drogas similares mas, como mostrou reportagem da Folha de julho, passados dois anos desde a incorporação, as terapias ainda não estão disponíveis no sistema público.

Segundo Débora Gagliato, oncologista do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e que esteve no congresso na última semana, a toxicidade do abemaciclibe foi considerada leve, ou seja, os efeitos adversos do medicamento não afetaram na qualidade de vida das pacientes. “Inclusive, comparando os dois braços, o que usou abemaciclibe e o que usou a terapia hormonal isolada, a qualidade de vida das pacientes foi semelhante, sendo o principal efeito adverso da terapia a diarreia mas, em geral, leve e que pode ser tratada eventualmente com o uso de alguns medicamentos“, disse.

Entre os demais efeitos colaterais registrados estão a neutropenia (contagem baixa de neutrófilos ou glóbulos brancos no sangue), fadiga, artralgia (desconforto físico nos ossos), sensação de calor e febre.

Outro dado importante observado na pesquisa é que a redução da dosagem não levou a uma piora no desfecho, indicando que a adaptação da dose segundo o desejo da paciente pode ser considerada, quando necessário. “Se a paciente começa com a dose prescrita em bula mas precisa reduzir, não há perda do benefício. Essa é a mensagem”, explica Gagliato.

Apesar dos resultados promissores, não é possível ainda associar o abemaciclibe à “cura” do câncer de mama. Isto porque esta é definida quando não há nenhum novo foco de tumor por um período mínimo de cinco anos após a terapia, enquanto a remissão é caracterizada pela ausência de focos de tumor no corpo.

“Gosto de perguntar para as minhas pacientes qual a expectativa de cura. O que a gente sabe é que este tratamento apresentou, dentre as pacientes avaliadas globalmente, uma taxa importante de mulheres com redução no risco de recorrência, mas ainda é cedo para falar de cura”, afirma Testa.