Veículo: Valor Econômico
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Data: 09/08/2024

Editoria: Sem categoria
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Varejo tem maior queda desde outubro, aponta índice

Após estabilidade em junho, as vendas do comércio caíram 1% em julho ante mês anterior, na leitura do Índice de Atividade Econômica Stone Varejo, cujo resultado do mês passado foi antecipado ao Valor. Foi a mais intensa retração desde outubro de 2023 (-2%). Na comparação com julho do ano passado, houve alta de 0,1%.

Vendas de supermercados e de artigos farmacêuticos em baixa derrubaram o indicador no mês, explicou o pesquisador e cientista de dados da Stone Matheus Calvelli, responsável pelo indicador. “São os setores mais relevantes do índice”, continuou ele. Para o técnico, a inflação mais pressionada pode ter inibido compras nos segmentos – com reflexo negativo no comércio.

Ele detalhou que foram registradas quedas de 5,8% nas vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios; e de 1,2% nas vendas de artigos farmacêuticos, em julho ante junho.

“Acreditamos que pequenos e médios empreendedores de varejo, que têm o seu ‘mercadinho’, talvez tenham tido bem mais dificuldade para conseguir se estabilizar, nesse período todo, quando todos estão buscando preços mais baixos”, explicou. “Porque a inflação pode parar de crescer; mas o aumento que tivemos, no passado, não deixa de existir, o preço não cai” disse. Ou seja: os preços dos produtos operam, atualmente, em patamar mais elevado do que no passado, notou. “Creio que [o resultado] diz muito sobre isso: a dificuldade que o pequeno médio [empresário], desse tipo de setor, muitas vezes tem, em conseguir repassar preço”, disse.

No caso de artigos de Farmácia, Calvelli lembrou, ainda, recente reajuste autorizado de medicamentos. Em março, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos fixou o teto de reajuste para remédios em 4,5% neste ano. O porcentual pôde ser aplicado a partir de abril.

Em contrapartida, outros setores mostraram aumento de vendas, em julho ante junho. Houve altas em móveis e eletrodomésticos (1,2%) material de construção (4,4%); livros, jornais, revistas e papelaria (0,5%) e em tecidos, vestuário e calçados (0,4%).

A inexistência de queda disseminada em vendas, em diferentes segmentos, foi um dos fatores que levaram o pesquisador a negar possível começo de tendência de baixa, no comércio, em julho. Outro fator lembrado por ele é o fato de que, na comparação ante mesmo mês em 2023, o indicador continuou a mostrar taxa positiva.

Assim, no entendimento dele, ao se considerar o desempenho do indicador até julho, o comércio operou em patamar relativamente estável. Por isso, o técnico preferiu não tecer projeções para encerramento do ano, no comércio brasileiro. No ano passado, as vendas do varejo restrito tiveram alta de 1,7% ante 2022.

“Não tem como prever [se vai ficar melhor ou pior que ano passado]”, disse. “Os números estão vindo muito estáveis [em vendas]”, afirmou. “A única coisa que eu estaria confortável em falar é que está tudo apontando para continuar nessa normalidade, nesse ‘zero a zero’.”

O índice Stone não trouxe apenas notícias de queda em vendas, no varejo em julho, acrescentou o técnico. Na evolução regional, foi apurado aumento de 4,8% nas vendas do comércio do Rio Grande do Sul, ante julho do ano passado. O Estado passou por crise de fortes enchentes em maio, com prejuízos intensos na economia local. “O consumo no Estado se recuperou em velocidade tremenda, o que é ótimo sinal”, disse. “Não tem como saber se compensa todo consumo perdido [na crise]. Mas é extremamente interessante”, afirmou.

O Índice de Atividade Econômica Stone Varejo é uma iniciativa da Stone, empresa de tecnologia e serviços financeiros, com o Instituto Propague. O indicador tem como base a metodologia proposta pelo time de Consumer Finance do Federal Reserve Board (Fed, banco central dos EUA). São consideradas as operações via cartões, voucher e Pix dentro do grupo StoneCo.