O chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, explicou que a dívida líquida dá uma visão abrangente do setor público não financeiro por considerar ativos e passivos, diferente da dívida bruta, que considera apenas passivos.
Entre maio e junho, a alta na dívida líquida foi de 0,1 p.p. do PIB. Rocha ressaltou que, com a desvalorização cambial de 6,1% em junho, seria de se esperar uma redução da dívida líquida no mês por conta dos ativos em moeda estrangeira, basicamente as reservas internacionais.
“Esse efeito aconteceu, mas foi contrabalanceado pelos impactos dos resultados fiscais do mês”, disse o chefe do departamento, ressaltando que o déficit nominal teve um efeito de magnitude similar ao causado pelo ajuste cambial.
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) atingiu o maior patamar desde novembro de 2021 ao subir para a 77,8% do PIB em junho. Só no primeiro semestre, o indicador teve alta de 3,4 pontos percentuais (p.p.) depois de terminar 2023 em 74,4% do PIB.
Os dados publicados pelo BC mostram que dois fatores foram preponderantes para essa elevação neste ano. O primeiro foi a incorporação de juros nominais, com contribuição de elevação de 3.8 p.p. e depois a emissão de dívida, com impacto de 0,9 p.p. A desvalorização cambial também teve impacto de 0,6 p.p.
Por outro lado, o crescimento do PIB reduziu essa elevação em 2,1 p.p. Como o PIB é o denominador do cálculo, quando ele sobe, o impacto é de diminuição do indicador.