Veículo: UOL
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Data: 02/07/2024

Editoria: Sem categoria
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Por que as compras não têm janela? Estratégia não começou por acaso

Um dos principais motivos que explicam essa escolha está relacionado com a percepção do tempo dos consumidores , segundo reportagem da CNN dos Estados Unidos.

Uma vez que os consumidores não conseguem ver o tempo mudando, principalmente nos ambientes fechados, eles perdem a noção de quanto tempo passam nas compras e, assim, podem comprar mais.

 

A luz artificial do shopping cria um ambiente de eterno dia e sem distrações das compras.

Ainda na intenção de aumentar as vendas, a falta de janelas abriu mais espaço para paredes onde podem ser expostos produtos e maximizar a venda por metro quadrado.

De bônus, a ausência de janelas ajuda a economizar na conta de energia. O menor contato com o ambiente externo diminui a temperatura e exige menos dos ares condicionados, o segundo maior gasto de um empreendimento deste tipo – o primeiro é com os trabalhadores.

O design dos shoppings inspirou outro tipo de destino de compras: os supermercados, que incorporaram a ideia de um local quadrado sem janelas.

 

Pioneirismo em arquitetura de shopping

O primeiro shopping completamente fechado surgiu na cidade de Mineápolis, nos Estados Unidos, em 1956, e mudou para sempre a experiência de ir às compras. O ambiente de 110 mil metros quadrados tornou-se o contêiner de compras fechado e climatizado que passou a surgir em todo o país.

 

O arquiteto por trás do design foi Victor Gruen, nascido na Áustria, que fundou o escritório da Gruen Associates que ainda existe em Los Angeles. Ele queria surpreender os que entrassem no prédio com as lojas bem iluminadas, cafés e exposições de arte ao redor do shopping.

No centro do layout do shopping uma claraboia seria, possivelmente, o único ponto para entrada de luz natural no amplo espaço. O arquiteto também adiciona música e plantas para uma atmosfera convidativa. Por conta de toda a atividade acontecendo do lado de dentro, não faz sentido.

De acordo com Stephanie Cegielski, em entrevista à CNN, vice-presidente de pesquisa do Conselho Internacional de Shopping Centers, a construção em T utilizada em shoppings tradicionais favorece que o consumidor esteja sempre olhando para o produto que estará exposto em seguida, em vez do ambiente exterior.

Mas a arquitetura dos shoppings vem mudando. As famílias vão até esses estabelecimentos também a procura de entretenimento e desfrutam de restaurantes, filmes, exposições e brinquedos. Algumas dessas novas possibilidades podem criar necessidade de janela, diz Cegielski.

Alexandra Lange, crítica de arquitetura e autora de “Encontre-me na fonte: uma história interna do shopping”, em entrevista à CNN, explica que os shoppings são construídos para ter a paisagem por dentro.

Toda a energia arquitetônica que normalmente vemos no exterior de um edifício em um ambiente urbano é focada internamente. Um shopping é uma máquina de vender.Alexandra Lange