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Jornal do Comércio – Como foram os primeiros momentos das decisões, quando perceberam que o desastre tomaria proporções nunca antes vistas?
Fabio Faccio – A Renner nasceu no Rio Grande do Sul, nossa sede é aqui. Hoje, grande parte das lojas estão no Brasil todo, Argentina e Uruguai, mas a gente nasceu aqui. Temos um cordão umbilical com o Estado, e uma gratidão enorme com o povo gaúcho. Por isso, entendemos que temos um papel importante a reerguer o Estado, apoiar a comunidade e ajudar as pessoas. Na comparação com a pandemia, pela extensão dos problemas, não pelo número de vidas perdidas, esse momento é mais grave.
JC – Que cálculos fazem dos prejuízos da Renner nas primeiras semanas da catástrofe?
JC – A catástrofe mostra que cada vez mais é preciso investir em ESG. Essa pauta precisa de mais robustez?
Faccio – É uma excelente pergunta, porque nos permite falar da nossa estratégia, de ser referência em moda responsável. A Renner trabalha fortemente nisso. Está nos nossos princípios, valores, a gente é referência. No ranking do Dow Jones Sustainability Index, por exemplo, somos a primeira em todo o setor de moda no mundo. Um momento como este reforça a importância disso. Quando a gente vê o que está acontecendo com o clima, fica clara a importância de se ter uma estratégia de sustentabilidade, de ESG para o mundo como um todo. Sei que tem gente que afirma: ”ah, isso já aconteceu no passado”. Me incomoda um pouco essa fala. Aconteceu em Porto Alegre em 1941, há mais de 80 anos, a gente não tinha as redes fluviais que existem hoje. Então, aconteceu em menor proporção e em menor escala. Se a gente lembrar, 30 anos depois, foram feitos o muro, os diques, as bombas. De vez em quando foram usadas. O mais grave ainda é que num período de menos de um ano já aconteceu cinco vezes, se não estou enganado. Junho, setembro, novembro, janeiro, abril e maio. Já acontecia alagamentos, mas nunca na frequência e na intensidade com que está acontecendo, em toda a história de um Estado como o Rio Grande do Sul, cujo tamanho é praticamente um País. E não é só aqui. É no mundo inteiro. O Sudeste do Brasil nunca teve temperaturas altas durante tanto tempo no outono, é praticamente o outono inteiro com 33°C, 34°C graus em São Paulo e Minas Gerais.
JC – A catástrofe acelera os planos de vocês ou acreditam que estão indo em ritmo adequado e satisfatório?
Faccio – Parte da adaptação climática, sim. Hoje a nossa condição de gestão é olhar para esse mapeamento de risco antes de definir os locais onde vamos abrir lojas. Isso já está na rotina da área de arquitetura. O nosso time de sustentabilidade trabalha em conjunto com a área de construção para tomada de decisão. Isso sim a gente vai acelerar bastante. A gente já estava trabalhando assim, mas vamos acelerar muito mais essa questão de análise de risco antes da abertura de loja.
JC – Para finalizar, todas essas ações de resposta ao desastre já foram calculadas?