O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu 0,2% no mês de maio, em comparação com abril deste ano. Ainda assim, o índice permanece na zona de satisfação, aos 106,9 pontos. Essa foi a primeira queda após quatro altas consecutivas, descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a queda foi de 1,4%.
O principal destaque é a avaliação do comerciante sobre as condições atuais, que caiu 2,1% e chegou a 79,9 pontos, na zona de insatisfação, o menor patamar desde junho de 2021 (quando estava em 66,8 pontos). Na variação anual, o indicador caiu 6,1%. Os três subindicadores que compõem esse indicador – economia, setor e empresa – também diminuíram praticamente na mesma medida. Houve redução de 2,1% no otimismo em relação ao setor, o que levou o subindicador aos 77,3 pontos (em junho de 2021, eram 70,3 pontos).
A confiança na economia atual caiu 2,3%, derrubando esse subindicador para os 65,3 pontos, também o menor patamar desde junho de 2021, quando estava em 53,9 pontos. O terceiro subindicador, que mede a avaliação do comerciante sobre sua própria empresa, chegou a 97,1 pontos, o mais baixo desde julho de 2021 (quando estava em 89,6). A queda o levou para a zona de insatisfação, o que não ocorria desde dezembro do ano passado, quando marcava 97,7 pontos.
Conforme o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o momento é de expectativa para as decisões macroeconômicas dos próximos meses.
“A redução do ritmo de cortes da taxa Selic deste mês e a incerteza em relação aos próximos passos tanto sobre a redução dos juros quanto da inflação fazem com que o varejo adote movimentos cautelosos”, afirma Tadros. Ele lembra que a queda do volume do comércio varejista ampliado, que reduziu 0,3% em março na comparação com fevereiro e 1,5% na variação anual, desperta ainda mais atenção para o momento atual.
Apesar de o mercado de crédito não estar totalmente favorável e ter afetado a percepção das condições atuais, o indicador da intenção de investimentos foi o destaque positivo, tanto na comparação mensal, com alta de 0,9%, quanto em relação a maio de 2023, com crescimento de 1,0%. Entre os subindicadores que compõem este indicador, a intenção de investir na contratação de funcionários teve o maior crescimento mensal, de 1,9%. A alta foi puxada pelo segmento de bens semiduráveis (roupas, calçados, tecidos e acessórios), que aumentou em 4,6% sua intenção de novas contratações.
Por outro lado, houve queda de 0,8% na pretensão de contratar nos segmentos de venda de itens de primeira necessidade (supermercados, farmácias e lojas de cosméticos) e redução de 0,9% no segmento de comercialização de bens duráveis (eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e decoração, material de construção e veículos).
Segundo o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, o crescimento da intenção de contratar mais funcionários corrobora o otimismo em relação ao mercado de trabalho, demonstrado pelos consumidores na pesquisa que detecta a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de maio, também mensurada pela Confederação. Ele aponta que a maior parte (63,7%) dos varejistas quer aumentar seu quadro de empregados, o que indica que os resultados positivos observados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho devem continuar.
Para Felipe Tavares, o otimismo dos consumidores mantém positivo o indicador que mede as expectativas dos comerciantes. Maio apresentou o quinto aumento consecutivo desse subindicador, mas o menor do período, de 0,2%. “Apesar de tímido, o aumento indica que há esperança dos varejistas na melhoria das condições econômicas, nos próximos meses”, aponta. A expectativa em relação à própria empresa cresceu 0,4% e, no que diz respeito à situação da economia, o otimismo aumentou 0,1%. Sobre o setor, não houve variação mensal, apenas anual (uma queda de 0,7% no comparativo com maio de 2023).
Já o Índice de Confiança do Comércio (Icom), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) recuou 4,0 pontos em maio, para 91,5 pontos, após duas altas consecutivas. Em médias móveis trimestrais, o índice mantém alta pelo sexto mês consecutivo, em 0,7 ponto, para 92,5 pontos.
“Em maio, a confiança do comércio recua devolvendo parte do avanço registrado no mês anterior, impulsionada por uma variação disseminada no setor. A queda no mês foi totalmente influenciada pela piora das avaliações sobre a demanda no momento presente, que tiveram forte recuo com o impacto do desastre ambiental do Rio Grande do Sul. Em contraste, a estabilidade observada nas expectativas mantém o índice em patamar baixo, sugerindo um cenário de incerteza sobre a retomada do setor, mesmo com a melhora de variáveis macroeconômicas como inflação e emprego”, avalia Geórgia Veloso, economista do Ibre.
Em maio, a queda da confiança ocorreu em cinco dos seis principais segmentos do setor. Em sua terceira variação positiva consecutiva, o Índice de Expectativas (IE-COM) avançou 0,1 ponto, para 93,0 pontos, mantendo-se no maior nível desde outubro de 2022 (93,0 pontos). Os quesitos que compõem o IE-COM variaram de maneiras distintas no mês: o indicador sobre as perspectivas de vendas nos próximos três meses caiu 0,5 ponto, para 92,0 pontos, após duas altas consecutivas, e as expectativas sobre a tendência dos negócios nos próximos seis meses avançaram em 0,8 ponto, para 94,2 pontos, maior nível desde setembro de 2022 (96,9 pontos).
No sentido contrário, o Índice de Situação Atual (ISA-COM) caiu 7,9 pontos, para 90,6 pontos, com resultados negativos em ambos os indicadores que o compõem: o indicador que avalia o volume de demanda atual caiu 8,3 pontos, para 90,8 pontos, menor nível desde janeiro deste ano (88,7 pontos), e as avaliações sobre a situação atual dos negócios variaram negativamente em 7,2 pontos, para 90,6 pontos, após três altas consecutivas.