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Data: 02/05/2024

Editoria: Sem categoria
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Como veneno de aranha-armadeira pode ajudar a tratar câncer de mama, segundo cientistas da Unicamp

Em busca de alternativas aos atuais tratamentos para o câncer, pesquisadoras da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificaram resultados positivos no uso do veneno da aranha-armadeira para combater tumores nas mamas em testes feitos em animais.

Por que a aranha-armadeira? O veneno do aracnídeo chamou a atenção de cientistas por conta dos efeitos no sistema nervoso das presas, podendo levar a convulsões, por exemplo.

Com isso, a professora Catarina Rapôso, que estuda a substância há 20 anos, passou a analisar a ação do composto em tumores formados no sistema nervoso central, também chamados de gliomas.

Os efeitos positivos nos gliomas levaram, mais tarde, à pesquisa de doutorado da médica veterinária Ingrid Trevisan, orientada por Rapôso. Nela, as cientistas avaliaram a forma como o veneno isolado agiu em tumores de mama diagnosticados em cadelas.

Como foram os experimentos? Após respostas positivas de testes in vitro com células animais de mastocitoma, linfoma cutâneo, carcinomas de bexiga e carcinomas de mama, as pesquisadoras passaram a testar o composto isolado em camundongos fêmeas.

As roedoras, que tinham tumores mamários induzidos em laboratório, receberam três tratamentos diferentes: um com a molécula isolada do veneno, outro com o composto combinado a um quimioterápico tradicional e, por fim, apenas o quimioterápico.

Quais são os próximos passos? Rapôso explica que, para o futuro próximo, a ideia é conseguir liberação para que o composto seja testado em cadelas. “O uso ainda experimental em ensaio clínico a gente espera que daqui a um ano, mais ou menos, esteja acontecendo”, prevê.

“É importante dizer que a gente está numa fase pré-clínica. A gente precisa ainda testar, inclusive, tratamentos mais longos, tratamento associado à cirurgia, que é um próximo passo que a gente vai dar”, diz a orientadora.

Para Trevisan, os achados da pesquisa são importantes porque abrem portas para tratamentos contra o câncer menos invasivos e que permitem ao paciente ter qualidade de vida durante o uso da medicação.

“Foi um efeito muito benéfico porque, atualmente, os tratamentos que existem – de diversos tipos de câncer, não só o de mama – apresentam muitos efeitos adversos. Isso não só para os pacientes humanos, mas também para os pacientes veterinários”, destaca.