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Data: 27/03/2024

Editoria: Sem categoria
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Resultados fracos derrubam ação da Casas Bahia

A Casas Bahia voltou a ter mais um trimestre de números fracos, considerados decepcionantes e “poluídos” para alguns analistas, com efeito relevante dos custos da atual reestruturação e da elevada alavancagem financeira. A ação fechou na maior queda da carteira do Ibovespa ontem, de 9%, já após recuos acumulados de três pregões consecutivos.

Desde o dia 21, a ação perdeu um quarto de seu valor (25%), fechando ontem a R$ 6, já com impacto no valor de mercado das expectativas dos investidores antes da publicação dos números.

Ontem, na teleconferência com analistas, o comando da empresa tentou passar um horizonte de indicadores mais positivos, provenientes do atual plano de retomada – a direção chegou a afirmar que quer ser rentável até o fim deste ano, e preparar para crescer mais em 2025.

A varejista registrou um prejuízo líquido histórico de R$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2023, em parte, afetado por itens não recorrentes que voltaram ao balanço do quarto trimestre, algo comum em reestruturações.

Entre os pontos positivos citados nos relatórios de analistas está o valor do lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (ebitda), em valor ajustado, de R$ 163 milhões do quarto trimestre, acima das expectativas do Citi. Para o Safra, um aspecto animador foi a melhora do capital de giro e seu impacto no fluxo de caixa. O fluxo de caixa livre ficou positivo em R$ 648 milhões em 2023.

Como o Valor antecipou na noite de segunda-feira, analistas afirmaram que o prejuízo líquido de R$ 1 bilhão foi pior que o esperado pelo efeito dos não recorrentes e por conta de maiores despesas financeiras. Além disso, a queda de 16% nas vendas líquidas no trimestre reflete ainda um cenário desafiador e de iniciativas promocionais, diz o Citi.

As analistas Georgia Jorge e Andréa Aznar, do BB Investimentos, disseram em relatório que, para alguns números, o desempenho da rede ficou abaixo de estimativas já conservadoras.

Analistas previam perda no trimestre, mas os números vieram piores do que o esperado

 

As vendas totais de R$ 11 bilhões ficaram 8,3% abaixo das estimativas, impactando a geração de receitas e as margens da companhia. E uma piora no resultado financeiro e itens não recorrentes poluíram os resultados.

“Entendemos que a companhia segue vivenciando um momento delicado na operação, buscando reequilíbrio dos canais de vendas, priorização da rentabilidade, redução de investimentos e reforço na estrutura de capital”, comenta o banco.

Em teleconferência com analistas ontem, o diretor-presidente da Casas Bahia, Renato Franklin, tentou reforçar o plano de reestruturação que pretende tirar a empresa dessa fase difícil.

Ele citou ações como uso de dados sobre o cliente para ser mais assertivo na venda, o crescimento do braço de publicidade, o “Casas Bahia Ads”. Ele ainda citou que a empresa tem ganhando mercado em produtos estratégicos para a rede, e teve economias de R$ 30 milhões com redução de cargos no trimestre.

A empresa, assim como outras varejistas, foi pressionada pelo cenário macroeconômico de retração de crédito e juros altos nos últimos anos, bem como o aumento da competitividade no comércio digital após-pandemia. Porém, a situação foi agravada por desafios internos, como elevação no estoque, queima de caixa em trimestres passados e perda de confiança na empresa por parte do mercado.

Em agosto do ano passado, a companhia implementou um plano de reestruturação para focar nos negócios do varejo. As medidas incluíram fechamento de lojas, demissões, corte em estoques mais antigos, saída na venda de categorias fora do “core” e melhora da estrutura de capital. (Colaborou Felipe Laurence)