Veículo: Valor Econômico - Online
Clique aqui para ler a notícia na fonte
Região:
Estado:
Alcance:

Data: 14/02/2024

Editoria: Sem categoria
Assuntos:

Multiplan foca em expansão, mas já mapeia futuros shoppings

Após um ano à frente da Multiplan, Eduardo Peres, filho do fundador José Isaac Peres, vê caminhos para o crescimento ainda por meio de expansões de shoppings no curto prazo, e provável retomada de anúncios de operações “greenfields” (projetos construídos a partir do zero) possivelmente a partir de 2025 ou 2026.

Com 20 shoppings no portfólio, a Multiplan começou a colocar de pé o seu último grande investimento, o shopping Park Jacarepaguá, em 2021, no Rio de Janeiro, após um dos piores anos na história recente do setor, quando os investimentos desapareceram por causa da pandemia.

Há um entendimento de que, com as expansões, se acelera a diluição dos custos condominiais e o retorno do shopping cresce, com a geração de um novo fluxo de clientes. É uma visão do grupo e do mercado, o que acaba jogando mais para frente uma retomada em peso dos novos empreendimentos.

Nos últimos dez anos, a Multiplan abriu dois shoppings. Para 2024, a Abrasce, associação do setor, estima de 8 a 10 aberturas. “Continuamos ousados, e atentos aos ‘greenfields’, olhando com carinho cidades no litoral paulista, no Nordeste e no cinturão do agro em Goiânia e Mato Grosso do Sul”, diz Peres, CEO do grupo.

“Ocorre que nos ‘greenfields’ é preciso analisar potencial da região, do terreno, do comércio local, e a gente está numa entressafra de greenfields porque vemos espaço para ganhos com as ampliações de qualidade em nossos empreendimentos”, afirma Peres. Após a recente expansão do BH Shopping, por exemplo, a receita com aluguel subiu 100%.

Para analistas, ainda há efeito nos projetos do alto custo do capital, pela taxa Selic que se mantém elevada, apesar das recentes quedas. Pelos cálculos do grupo, há 68 mil m2 de área para ampliação do portfólio nos próximos anos – para efeito de comparação, a expansão em andamento do Morumbi Shopping alcançará 13,1 mil m 2.

Peres lembra da aceleração de aberturas no último grande ciclo de projetos do mercado, há mais de dez anos, “quando muita gente aventureira apareceu”, diz. “Houve um crescimento forte de área naqueles anos e o mercado foi se estabilizando. Enquanto você só sobrevive, você não sonha, e muita gente só sobreviveu àquela época”.

Apesar da alavancagem baixa em 2023, publicada na noite de quinta-feira (8), em relatório de resultados – o que poderia, inclusive, abrir espaço para compras de ativos no setor – há uma percepção de que existem “oportunidades boas, mas caras”, disse a analistas, na sexta-feira (9), o vice-presidente financeiro da Multiplan, Armando d’Almeida Neto.

A relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação ficou em 1,38 vezes em dezembro, abaixo de 1,63 vezes um ano antes.

Atualmente, a companhia trabalha na construção de duas expansões para 2024 (Park Shopping Barigüi e Diamond Mall), e outras cinco entre 2025 e 2027, totalizando sete. Para os próximos dois anos, são projetados R$ 1,5 bilhão em investimentos em ampliações, como informou o grupo em novembro, portanto, uma média anual de R$ 750 milhões.

Para se ter uma ideia, em 2023, o investimento total (incluindo não só expansão, mas tecnologia, digital, compra de fatias em empreendimentos, entre outros) somou cerca de R$ 600 milhões. Para 2024, quando o grupo faz 50 anos, Peres entende que haverá um cenário de crescimento mais fácil que o de 2023, pelo recuo dos juros e inflação controlada.

Segundo o balanço publicado, a Multiplan teve lucro líquido de R$ 302,5 milhões de outubro a dezembro, alta de 26,6% frente a 2022. A receita líquida subiu 11,4% no mesmo período.

Em 2023, a receita cresceu 12,7%, para R$ 2 bilhões e o lucro líquido alcançou R$ 1 bilhão, avanço de 32,6% – pela primeira vez, registrando a marca do bilhão.

Mesmo após publicação de relatórios positivos de analistas no trimestre (como taxa de vacância e custo de ocupação menores), a ação fechou caiu 3% na sexta-feira (dia 9), terceira maior queda do Ibovespa. Para o BB Investimentos, a alta das despesas (41%) no quarto trimestre, acima do esperado, pressionou a margem Ebitda, que ficou abaixo das estimativas.

Na visão do Bradesco BBI, o desempenho da receita de aluguel foi moderado, com alta de 2,3% de outubro a dezembro versus 2022, algo compensado por receitas como a de serviços e de estacionamento.

Houve troca de lojistas em 2023, na busca por aprimorar a operação como um todo. Eles podem entrar nos shoppings com locação menor, mas atraindo maior tráfego, e com isso há um impacto inicial em locação. No total, as vendas dos lojistas foram de R$ 21,9 bilhões em 2023, alta de 9,6%, acima do varejo brasileiro (1,7% no ano).