O mercado de shopping centers cresceu 1,5% em termos nominais no ano passado, frente a 2022, abaixo das projeções iniciais, de avanço de 14%, segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), a principal entidade do setor no país.
O faturamento bruto da categoria alcançou cerca de R$ 195 bilhões em 2023, já acima do nível pré-pandemia (em 2019, alcançava R$ 192 bilhões).
Para este ano, a expectativa é de um aumento de 4% no faturamento, próximo de R$ 200 bilhões, e com a abertura de 8 a 10 empreendimentos no país. No ano passado, foram inaugurados cinco shoppings.
O número de lojas nos empreendimentos avançou 4,5%, para 121 mil pontos de venda, um acréscimo de 4,5% na comparação com 2022 (115 mil lojas).
O fraco desempenho no segundo e terceiro trimestres afetou negativamente 2023. A variação de 1,5% é a pior desde o primeiro ano da pandemia, em 2020, quando as vendas despencaram 33%. O fato de 2022 ser uma base de comparação mais forte, pelo crescimento acima de 20%, também tem efeito nessa variação menor de 2023. Os dados consideram a venda de associadas e não associadas da Abrasce.
“A elevação da taxa de juros após a metade de 2021 atrapalhou muito a recuperação do setor. Esse efeito foi sentido tanto nas despesas financeiras das empresas quanto na ponta, ao consumidor. Além disso, o fato de o salário mínimo não ter tido ganhos reais, e o aumento da concorrência on-line estrangeira são fatores que pesaram no ano”, diz Glauco Humai, presidente da associação.
O impacto mais negativo foi sentido em empreendimentos para as classes C e D, mais sensíveis à quedas no poder de compra após a alta dos juros, enquanto empresas com foco nas classes A e B tiveram expansão acima dessa média, seja empresas de capital aberto — como Iguatemi e JHSF — como as de capital fechado.
Ainda houve efeito de resultados regionais mais fracos dos shoppings no Sul e Norte do Brasil — empreendimentos no Centro-Oeste e Sudeste tiveram resultados melhores que a média, com altas de 2,1% e 1,7%, respectivamente.
Investimentos e o on-line
No caso das plataformas asiáticas, parte dos marketplaces internacionais, como a Shein, é focado nas vendas de vestuário e acessórios, um dos principais negócios dos shoppings no país, por isso há o impacto.
Na visão da Abrasce, altas de dois dígitos, em torno de 20%, verificadas no pós-pandemia, não estão previstas para o setor nos próximos anos.