Com o crescimento na quantidade de golpes na internet envolvendo redes de varejo e plataformas on-line, o Mercado Livre deve lançar campanhas mais maciças de comunicação para alertar o consumidor de fraudes envolvendo a marca.
Isso já deve acontecer no Carnaval, quando o Mercado Pago será um dos parceiros oficiais do Carnaval de rua de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Nas ações, haverá um trabalho focado reforçando a atenção de clientes para fazerem transações financeiras seguras durante a data, e evitarem golpes on-line. O tema deve responder por cerca de 20% dos investimentos em mídia durante o evento, em fevereiro.
“Os golpes realmente cresceram, e por isso ampliamos a equipe de prevenção à fraude, e temos reportado às autoridades os casos que identificamos. Além disso, vamos vir com campanhas mais maciças de comunicação na mídia contra os golpes”, disse Fernando Yunes, presidente do Mercado Livre no Brasil.
Dias atrás, a empresa foi envolvida em falsos posts no Facebook de uma venda de ar-condicionado por R$ 259 — a companhia já alertou clientes da fraude.
Em comunicado hoje (23), a fundação Procon-SP notificou a Facebook a se manifestar sobre uma onda de posts fraudulentos na rede social, que associam a marca Procon-SP a ações comerciais. O Mercado Livre também foi notificado.
“As questões [para o Mercado Livre] objetivam entender se a empresa tem ciência dos referidos posts e quais providências adota para alertar, atender e orientar consumidores que a procurem, em busca das falsas promoções”, disse em nota o Procon-SP.
Logística e fraudes
Segundo o executivo, uma das ferramentas que a companhia acredita que irá reforçar o combate aos golpes e crimes virtuais é o aplicativo ‘celular seguro’ do governo federal.“Já estamos conectados à ele, e qualquer alerta de fraude podemos impedir o acesso ilegal à conta do cliente”, disse Yunes. O celular seguro é um aplicativo lançado pelo governo, em dezembro, para combate ao roubo e furto de celulares no Brasil.
A questão do aumento dos controles da plataforma aos clientes e parceiros levou a empresa a ser premiada na semana passada pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Trata-se do Prêmio Nacional de Combate à Pirataria, e a companhia foi selecionada, entre empresas privadas, pelo trabalho de melhoria nos mecanismos de combate à pirataria e ao contrabando na plataforma de comércio eletrônico.
Yunes disse que esse trabalho cresceu na empresa, nos últimos anos, em paralelo com a melhora dos serviços de logística, de maneira que a expansão das vendas e distribuição ajudasse a acelerar o negócio de lojistas que operam de forma regular, dentro da lei.
A companhia tem cerca de 500 funcionários na área de tecnologia alocados para melhora de algoritmos, entre outras funções. Essa equipe trabalha para o “Brand Protection Program”, espécie de programa de proteção à marca, que reúne ferramentas para denunciar anúncios de vendedores que violem direitos autorais.
Descredenciamento
“Descredenciamos cerca de 200 mil vendedores entre 2022 e 2023, e abrimos mão de um volume que não é banal. E a logística com 200 mil a menos, você reduz escala, mas nós tomamos essa medida de forma consciente”, diz Yunes. “Ao mesmo tempo, adicionamos cerca de duas mil lojas oficiais e mais de 700 marcas de moda e isso mais que compensou a perda”.
Atualmente, cerca de 95% das vendas da empresa de produtos de outros lojistas passam, de alguma forma, pela logística do Mercado Livre no Brasil — seja apenas pela entrega, seja pelo serviço completo de distribuição (de armazenamento ao envio). Essa taxa era de 5% em 2018.
Com isso, a empresa emite a nota fiscal, e tem controle das informações que ali estão, de maneira a evitar falsificação de informações. Foi a partir desse controle que a companhia tirou de sua base os 200 mil vendedores.
Balanço
A companhia deve divulgar em 22 de fevereiro os seus resultados do quarto trimestre. No Brasil, em relatório sobre o setor de varejo nesta semana, o Itaú BBA disse que o Mercado Livre deve continuar como destaque no on-line no quarto trimestre de 2023.
Analistas do banco elevaram suas projeções para os resultados da empresa, assim como o preço-alvo das ações na Nasdaq ao final de 2024, passando de US$ 1.628 para US$ 2.106, e reiteraram a recomendação “outperform” (equivalente à compra) para os papéis.
Trata-se de um ganho de quase 20% em relação ao preço de fechamento da segunda-feira (22), de US$ 1.756,30.