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Após cair 2,4% em outubro, as vendas do comércio brasileiro voltaram a subir em novembro frente ao mês anterior, com expansão de 1,8%, segundo o Índice de Atividade Econômica Stone Varejo, cujo resultado foi antecipado ao Valor. Na comparação com novembro do ano passado, a alta foi de 2,1%, informou o pesquisador econômico e cientista de dados da Stone responsável pelo indicador, Matheus Calvelli.
Para ele, a boa performance do varejo em novembro sinaliza retomada no processo de recuperação nas vendas do setor, após movimento “atípico” em outubro. “Antes de outubro, estávamos em processo de melhora nas vendas, em período de quatro a cinco meses”, lembrou ele. O técnico não descartou, ainda, que a Black Friday, semana de promoções que ocorre em novembro, possa ter ajudado a impulsionar as vendas no mês passado.
Calculado pela Stone em conjunto com o Instituto Propague, o índice tem como base dados públicos da Receita Federal, e dados transacionais de cartão dos clientes do grupo StoneCo.
Calvelli disse que, no caso do aumento de vendas na comparação com novembro do ano passado, pode ter havido influência por efeito estatístico. Ele comentou que as vendas do comércio no país no fim de 2022 não apresentavam quadro favorável.
Mas ele destacou que, na comparação com outubro, o resultado de novembro mostrou ser visível a melhora nas vendas do setor. Para ele, a expansão do conceito de Black Friday no comércio do país pode ter ajudado na melhora do resultado.
O especialista lembrou que, quando a semana promocional do varejo começou a se propagar no país, há alguns anos, era mais concentrada em vendas pela internet; e em segmentos específicos, como eletroeletrônicos. “Agora começa a se espalhar muito mais em lojas físicas”, notou. “Vimos que até restaurantes entraram em promoções ‘Black Friday’”, comentou.
Assim, o pesquisador explicou também que, mesmo que o indicador Stone seja dessazonalizado, o índice pode ter tido algum impacto da semana promocional em novembro. Isso porque, no entendimento dele, ocorreu mudança de perfil na Black Friday, neste ano, em comparação com anos anteriores. Na avaliação do estudioso, essa data se tornou mais abrangente, com adesão maior de lojas físicas. E em contexto diferente do observado em novembro do ano passado, quando a pandemia ainda não havia acabado – e era um fator de inibição de livre circulação social.
Uma melhora mais espalhada por setores, no comércio, também foi notada no indicador Stone, comentou o técnico.
Dessa vez, a boa performance do indicador não foi alavancada por um ou dois setores, somente. A maioria das áreas do comércio mostrou alta de vendas em novembro em relação a outubro. Um destaque positivo, segundo ele, foi retorno de aumento em vendas em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com alta de 3,9% – após queda de 5,3% em outubro ante setembro.
“Quando se vê queda em alimentos, algo que o consumidor não pode deixar de comprar, é um sinal grave não somente para o setor, mas para a economia”, observou o especialista.
Ao ser questionado sobre possíveis projeções de vendas do comércio em dezembro, o pesquisador foi cauteloso. Como houve uma queda inesperada em outubro nas vendas e mudança de perfil em performance de Black Friday em novembro, Calvelli preferiu não tecer estimativas para o mês, que conta com a principal data do varejo: as vendas de Natal.