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Data: 11/10/2023

Editoria: Sem categoria
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Com guerra relativizada pelo mercado, bolsa sobe e dólar cai pelo 2º dia

Já são dois pregões sob conflito Israel-Hamas, e dois pregões com o apetite ao risco em alta. Ao menos por enquanto, investidores vão assumindo que a guerra no Oriente Médio é um problema essencialmente humanitário. O risco econômico existe. Mas está sendo relativizado.

Há alguns “ses” em jogo.

“Se” o conflito tiver a participação efetiva de potências nucleares como Estados Unidos, Irã e Rússia, é se esperar corrida por proteção e alta do câmbio. Não vem sendo o caso. “Se” a Liga Árabe resolver retaliar o apoio do Ocidente à Israel, reduzindo a oferta de petróleo, aí há razão para combustíveis subirem de preço – mas, não sendo o caso, barris de petróleo já andaram de lado nesta sessão. “Se” câmbio e petróleo dispararem, juros pelo mundo tendem a ir atrás.

Enfim. Até aqui, esses riscos estão em “banho maria”. Monitorados, mas minimizados. Sendo assim, investidores continuam especulando sobre o rumo da política monetária americana. Depois de dispararem, vão sendo reduzidas as apostas em novo apertão nos juros em novembro. Parte dos prêmios de risco que vinham sendo embutidos aos ativos, portanto, passaram a ser retirados.

O Ibovespa, principal índice da bolsa do Brasil, acompanhou o fluxo internacional nesta terça-feira (10) com alta de 1,37%, a 116.737 pontos. O saldo outubrino está positivo em 0,15%. No ano, positivo em 6,38%.

A carteira teórica mais famosa mais do Brasil girou R$ 16 bilhões, 20% abaixo da média diária dos últimos 12 meses.

Das 86 ações, 79 subiram. Lideram ganhos com folga, papéis mais sensíveis a juros. Com o alívio global nas projeções de custo de capital, o maior ganho do dia ficou com a companhia de viagens CVC, com disparada de 16,48%.

O dólar, por sua vez, caiu 1,44%, a R$ 5,06. No mês, acumula carestia de 0,59%. Em 2023, desconto de 4,20% até aqui.

O mercado vai embarcando numa narrativa um tanto mirabolante.
Dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) passaram semanas indicando a necessidade de mais juro. Reforçavam o que ficou sugerido nos comunicados: alta probabilidade de novo apertão, em novembro, e ainda menos cortes previstos para 2024.

Mas, neste começo de semana, outro discurso tem sido adotado.

Sob tantas ameaças, os rendimentos dos títulos americanos de 10 anos alcançaram na semana passada os maiores níveis em 16 anos. Ou seja, também as linhas de financiamento de longo prazo na maior das economias foram aos maiores custos em quase duas décadas. Diante disso, alguns dirigentes do Fed passaram a dizer que talvez já baste para resfriar a atividade e, a reboque, a inflação. Em outras palavras, a mera sinalização para mais juros teria evitado, justamente, a chegada de mais juros.

O mercado, muitas vezes, acredita naquilo que quer. E assim como se dispôs a ignorar os riscos de uma guerra no Oriente Médio, vai se agarrando à esperança de que o Fed seja capaz de fazer política monetária apenas no gogó.

Se essa tese para em pé (olha aí o “se” de novo), os próximos dias dirão. Mas, fato é, o rali dos títulos americanos deu um cavalo de pau. E, enquanto as taxas caíam nos Estados Unidos, a curva de juros nacional acompanhava. Passaram a embutir uma queda da Selic, que hoje está nos 12,75%, até os 10,25%. Na semana passada, a mira estava nos 10,75% ao ano:

Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic. Taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caíram de 10,85% a 10,75%;
Já para janeiro de 2033, de 11,78% a 11,70%. Quão mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo (“risco fiscal”, se preferir).