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Data: 05/12/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Geração Z lidera ranking de inadimplência no varejo

A movimentação típica das compras de final de ano no comércio brasileiro encobre uma fragilidade estrutural preocupante, localizada principalmente nos consumidores que ingressaram recentemente no mercado de crédito. Dados recentes apontam que a Geração Z e os jovens adultos enfrentam uma severa pressão financeira, transformando o crediário em um vetor de dívidas voláteis ao invés de uma ferramenta de consumo sustentável.

Segundo levantamento do Índice de Inadimplência do Meu Crediário, a faixa etária de 18 a 25 anos lidera os atrasos superiores a 90 dias. Este grupo, composto majoritariamente pela Geração Z, registrou um índice alarmante de 15,48% em dívidas.

Aumento do risco e instabilidade financeira

A tendência de alta no risco de crédito é confirmada pelos números gerais de novembro de 2025. O índice saltou de 8,16% no mês anterior para 8,74%, marcando o segundo patamar mais alto para o período nos últimos três anos.

A análise detalhada sugere que a inexperiência no manejo das finanças é um fator determinante para a Geração Z, que se mostra o grupo mais exposto ao endividamento. O cenário revela que quanto mais jovem o consumidor, maior a probabilidade de inadimplência:

  • 18 a 25 anos: 15,48% de inadimplência.
  • 26 a 35 anos: 11,85% de inadimplência.

Em contrapartida, faixas etárias mais maduras apresentam maior estabilidade, com taxas de 5,77% para pessoas entre 51 e 65 anos, e 5,53% para aqueles acima de 66 anos. Além do recorte geracional, o estudo aponta que o público masculino possui maior taxa de atrasos (10,61%) em comparação ao feminino (8,16%).

Impacto no varejo e projeções para 2026

O atual cenário exige cautela dos lojistas para o Natal e para o início de 2026. O desafio central do varejo é identificar corretamente o perfil de risco de quem está comprando, visto que a Geração Z representa, neste momento, um ponto crítico na concessão de crédito.

Embora a injeção do 13º salário traga um alívio momentâneo para a economia, a persistência da alta inadimplência indica que esses recursos serão destinados majoritariamente para cobrir débitos antigos, e não para novas aquisições.

Para evitar que o faturamento de dezembro se converta em prejuízos e custos operacionais de cobrança no próximo ano, é essencial refinar os modelos de risco. A capacidade de converter vendas de Natal em recebimentos reais será o principal termômetro de saúde do setor, especialmente ao lidar com a Geração Z.

Setores e regiões com maiores taxas de falha

A concentração da inadimplência não é uniforme, o que permite aos lojistas intensificarem seus filtros de crédito em áreas específicas. Os segmentos ligados a compras por impulso e sazonais são os mais afetados, coincidindo com os hábitos de consumo frequentes da Geração Z.

O ranking de risco por setor apresenta os seguintes dados:

  • Roupas e Calçados: 9,45% (Líder em inadimplência).
  • Óticas: 8,06%.
  • Móveis e Eletro: 7,68%.

Geograficamente, as regiões Nordeste (10,44%) e Sudeste (10,41%) lideram as taxas de atraso, criando um contraste significativo com a região Sul, que mantém o menor índice do país, com 6,96%. O equilíbrio entre aproveitar o volume de vendas nas grandes praças e proteger o fluxo de caixa contra a inadimplência da Geração Z será decisivo para o sucesso do varejo nos próximos meses.