Veículo: Info Money
Clique aqui para ler a notícia na fonte
Região:
Estado:
Alcance:

Data: 22/10/2025

Editoria: Assaí, L-Founders
Assuntos:

JPMorgan vê cenário mais desafiador em 2026 e rebaixa Assaí para venda; ASAI3 cai 7%

Nos últimos meses, o banco observou uma deterioração constante nas tendências de vendas do varejo alimentar

Felipe Moreira

22/10/2025 17h20 • Atualizado 21 segundos atrás

Supermercado Assai, um dos principais inquilinos do TRXF11. Foto:Reprodução.
Supermercado Assai, um dos principais inquilinos do TRXF11. Foto:Reprodução.

O JPMorgan cortou estimativas e rebaixou a recomendação do Assaí (ASAI3), cuja as ações acumulam queda superior a 10% em outubro, mas ainda registram alta de 57% no ano, de neutro para venda, refletindo a expectativa de um final de 2025 e 2026 mais desafiador do que o previsto para o crescimento da receita. O preço-alvo também foi cortado de R$ 11,50 para R$ 8,50, considerando um lucro por ação (EPS) de R$ 0,68 no próximo ano.

As ações de empresa de atacarejo fecharam em queda de 7,08%, a R$ 7,87, nesta quarta-feira (22).

Mercado projetava Ebitda de R$ 2,293 bilhões e lucro líquido de R$ 1,616 bilhão

Nos últimos meses, o banco observou uma deterioração constante nas tendências de vendas do varejo alimentar, enquanto a desaceleração esperada da inflação de alimentos até meados de 2026 cria um cenário de preços desafiador.

O setor enfrenta dificuldades para crescer volumes, lidando com fortes tendências de trade-down (consumidores optando por produtos mais baratos) e resposta limitada dos consumidores a promoções, o que dificulta a expectativa de recuperação significativa de volumes à medida que a inflação diminui.

Nesse cenário, o JPMorgan prevê risco de vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) negativas no primeiro semestre do ano que vem, limitando espaço para ganhos de margem, mesmo considerando iniciativas de eficiência.

Por outro lado, o Assaí deve reduzir endividamento naturalmente ao longo do tempo, ainda que de forma mais lenta que o esperado. “Excluindo alavancas de capital de giro de curto prazo, o guidance de alavancagem para 2025 está em risco, com melhorias limitadas projetadas para 2026, mesmo diante de menor capex” comentam analistas. Atualmente, os níveis de alavancagem ainda são restritivos, limitando expansão significativa e restringindo espaço para promoções em um mercado altamente competitivo.

Como resultado, o JPMorgan reduziu as estimativas de vendas, EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e EPS para 2026 em 7%, 9% e 34%, respectivamente.

Inflação de alimentos e pressão sobre vendas

O JPMorgan projeta que a inflação de alimentos para consumo doméstico continuará desacelerando, atingindo níveis de um dígito baixo até meados de 2026. A inflação deve cair de cerca de 7% em agosto para aproximadamente 5% em outubro e novembro de 2025, alinhando-se ao Índice de Preços ao Consumidor geral.

Em 2026, a inflação de alimentos deve ficar, em média, 1 ponto percentual abaixo da inflação total, o que deve dificultar alavancagem operacional, mantendo a pressão sobre as vendas mesmas lojas devido a trade-down dos consumidores.

Com a inflação desacelerando, a produtividade da área de vendas tende a cair, já que a recuperação de volumes permanece incerta. Historicamente, existe uma correlação moderada entre a variação percentual da inflação de alimentos e o crescimento de SSS e vendas por área madura, indicando que períodos de queda na inflação costumam reduzir o desempenho das vendas. Para os próximos trimestres, espera-se inflação de alimentos menor de 3T25 até 3T26, sustentando a tese de momentum de vendas mais fraco.

Margem e despesas

O banco projeta leve contração da margem EBITDA ajustada para 7,5% em 2026, mesmo com margem bruta estável, devido ao menor momentum de vendas.

Segundo relatório, o atacarejo tem sido eficiente em despesas de vendas por m², crescendo abaixo da inflação, embora a dificuldade em contratar pessoal possa pressionar custos, considerando alta rotatividade.

O Assaí negocia a 15 vezes e 9 vezes P/L (Preço sobre Lucro) (IFRS 16) para 2026 e 2027 e 12,5 vezes e 8 vezes sob IAS17, com avaliação relativamente alta frente ao varejo brasileiro (9,5 vezes), enquanto o consenso de EPS para os dois próximos anos está cerca de 20% acima das estimativas do banco.