Veículo: Folha de S.Paulo
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Data: 23/09/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Copom começa nova fase com Selic parada em 15% ao ano, mostra ata

Copom (Comitê de Política Monetária) disse ter dado início a uma nova fase de sua estratégia, após uma “firme” elevação dos juros, com a taxa básica (Selic) estacionada em 15% ao ano, mostrou ata divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira (23).

À frente, promete avaliar os impactos acumulados da política de juros para avaliar se o plano de conservar a Selic no atual patamar por tempo “bastante prolongado” será suficiente para levar a inflação em direção à meta. Na última quarta-feira (17), o Copom manteve a Selic em 15% ao ano pela segunda vez seguida.

Reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central sob a presidência de Gabriel Galípolo
Atual composição do Copom (Comitê de Política Monetária). De frente para trás, à esq., diretora Izabela Correa (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta); Gabriel Galípolo, presidente do BC; diretores Gilneu Vivan (Regulação) e Rodrigo Alves Teixeira (Administração). À dir., diretores Nilton David (Política Monetária), Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais), Renato Gomes (Organização do Sistema Financeiro e de Resolução), Ailton Aquino (Fiscalização) e Diogo Guillen (Política Econômica) – Raphael Ribeiro – 29.jan.25/Banco Central

“Após uma firme elevação de juros, o Comitê optou por interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados”, afirmou na ata.

“Agora, na medida em o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”, acrescentou.

O objetivo central perseguido pelo Banco Central é de 3%. No modelo de meta contínua, o alvo é considerado descumprido quando a inflação acumulada permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto).

Devido aos efeitos defasados da política de juros sobre a economia, o comitê tem hoje na mira a inflação do primeiro trimestre de 2027 –projetada em 3,4% (acima do centro da meta). O próximo encontro está agendado para os dias 4 e 5 de novembro.

O colegiado do BC disse ver “moderação gradual” da atividade econômica, “certa diminuição” da inflação corrente e “alguma redução” nas expectativas dos agentes econômicos –tema de desconforto para os membros do colegiado.

Ao avaliar o comportamento da atividade econômica, afirmou que os dados mostram uma redução gradual do crescimento econômico e que, até agora, estímulos fiscais ou de crédito não provocaram divergências relevantes em relação ao cenário que o BC esperava.

“O comitê avalia que, apesar dos sinais mistos, os sinais advindos da demanda e da atividade econômica até aqui sugerem que o cenário se desenrola conforme esperado e compatível com a política monetária em curso”, afirmou.

Em ata, reconheceu que o mercado de crédito tem apresentado moderação “mais nítida” do que o mercado de trabalho, com menor volume de concessões.

“Nota-se maior arrefecimento no consumo de bens mais ligados ao crédito em contraposição a bens de consumo mais ligados à renda. Outro exemplo do mercado de crédito é o maior arrefecimento no crédito de maior duração em contraposição ao crédito emergencial”, disse.

Também reforçou a necessidade de esfriar a demanda como parte de seu trabalho para manter a inflação sob controle. Um dos fatores adversos para a inflação, segundo o comitê, é a permanência das expectativas acima da meta em todo o horizonte de tempo.

Apesar do desconforto, disse observar um “incipiente movimento de queda”, mas ainda concentrado no curto prazo, pela combinação de elementos como os juros altos e os números mais recentes de inflação.

“O comitê avalia que a reancoragem das expectativas de inflação [convergência à meta] reduz os custos da desinflação e entende que tal processo exige perseverança, firmeza e serenidade”, disse.