Colaboração para o UOL, em São Paulo
17/09/2025 20h43
Atualizada em
17/09/2025

H&M
Imagem: Peter Dazeley/Getty Images
A varejista de moda sueca H&M encerrou anos de especulação sobre o desembarque no Brasil ao abrir a sua primeira loja no país em 23 de agosto, no shopping center Iguatemi, na zona sul de São Paulo — as vendas pela internet para todo o país começaram junto. A segunda loja física foi inaugurada em 4 de setembro no shopping Anália Franco, na zona leste da capital paulista, e mais duas estão nos planos — nos shoppings Morumbi, também em São Paulo, e Parque Dom Pedro, em Campinas —, mas sem data definida.
A chegada dessa marca de peso não abalou, na Bolsa de Valores brasileira, as suas rivais locais. A gaúcha Renner, fundada em 1965, acumula alta de 42% neste ano, valendo agora quase R$ 18 bilhões. A holandesa C&A, que desembarcou no Brasil em 1976 e abriu capital na B3 em 2019, já avançou 124% em 2025, para R$ 5,5 bilhões. O desempenho de ambas tem sido muito melhor do que a média do mercado: no mesmo período, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa, subiu apenas 21%.
Isso significa que os investidores não estão vendo ameaça relevante da concorrente sueca para essas lojas de roupas tão tradicionais no Brasil.
Com mais de 5 mil lojas em todos os continentes, a H&M é muito maior do que a Renner, que tem 600 estabelecimentos no Brasil, na Argentina e no Uruguai, e do que a C&A, que conta com 1,8 mil pontos de venda na Europa, na América Latina e na Ásia. Mas ainda deve demorar muito para a sueca ter presença relevante em território brasileiro e conseguir “roubar” clientes de outras varejistas — até porque todas estão em uma briga acirrada com as “blusinhas” das asiáticas Shein, Shopee, Temu e companhia, em um ambiente de negócios bem complicado.
Os produtos da H&M no Brasil têm preços, em média, 28% menores do que os praticados pelas lojas brasileiras, indicando uma estratégia de marketing que, pelo menos inicialmente, não é de confronto direto com a Renner e a C&A, segundo analistas. Vai ser necessário a sueca ampliar muito as operações e o faturamento a ponto de intimidar as outras.
Dada a escala pequena das operações e o nível de preços, consideramos o impacto competitivo inicial sobre os varejistas locais limitado.
Luiz Guanais, Yan Cesquim e Pedro Lima, analistas do BTG Pactual.
Historicamente, sempre foi muito difícil para outros grupos de comércio de vestuário entrar no Brasil porque o país oferece barreiras “naturais” à concorrência com a sua estrutura tributária complexa, leis trabalhistas rígidas e grandes diferenças regionais, o que dificulta entender o público rapidamente.
Porém, a H&M está correndo para se adaptar rapidamente. A fim de driblar os custos de logística e as oscilações cambiais, decidiu produzir em parcerias com oficinas locais seus calçados e itens de praia e jeans. O objetivo é, em breve, fabricar no país todo o seu catálogo — um sinal de ambição para crescer e incomodar a Renner e a C&A em algum momento.