01/09/2025 17h43

Alguns fatores explicam esses movimentos do mercado.
Conforme destaca Danilo Coelho, economista e especialista em Investimentos, o cenário recente de expectativa maior por queda de juros nos EUA contribuiu para a melhora das ações do varejo. “Isso acaba por gerar um espaço maior também por aqui para corte de juros, já que o nosso diferencial acaba ficando igual [mesmo se houver corte de juros aqui]”, avalia. Isso estimula as ações de varejo, uma vez que queda de juros leva a um cenário mais atrativo para o consumo, beneficiando as varejistas.
Outro ponto que pode apertar um pouco os juros futuros, mas não necessariamente os juros presentes, é a expectativa pelo início do período eleitoral. “Tanto agora, final do segundo semestre, quanto no primeiro semestre de 2026 a gente já tem uma expectativa de um pouco mais de gasto por parte do governo. E esse aumento no gasto por parte do governo pode também gerar um incentivo a consumo por parte das famílias”, avalia Coelho.
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Um outro fator, mais técnico, também leva a um forte impulso para as ações BHIA3, em um movimento parecido com o que já tinha ocorrido em março, quando os papéis também saltaram.
Operadores de mercado atribuem boa parte da alta um movimento de short squeeze — nome dado ao fenômeno em que a cotação das ações sobe rapidamente, forçando investidores que apostaram na queda (short sellers) a cobrir suas posições, resultando em uma pressão adicional de compra.
O mercado também fica de olho nos movimentos do novo controlador das Casas Bahia, a gestora Mapa Capital. A gestora se coloca como especializada em gestão de participações e soluções de capital e faz desde investimento proprietário, como captação de recursos e assessoria em M&As (fusões e aquisições).
Ainda que haja cautela sobre os efeitos do novo controle, do lado operacional, a operação deve contribuir para a desalavancagem das Casas Bahia, uma vez que a conversão deve reduzir a alavancagem da companhia em 0,7 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2,2 vezes a dívida líquida (DL)/Ebitda, o que implica em uma economia em torno de R$ 230 milhões em despesas financeiras de acordo com a notícia anteriormente mencionada (versus um resultado financeiro negativo de R$ 920 milhões no 1T25), destaca a XP.
“Como referência, lembramos que Casas Bahia reportou uma dívida bruta de R$ 4,4 bilhões no 1T25, com dívida líquida de R$3,2 bilhões e um Ebitda (últimos 12 meses) de R$ 2,15 bilhões”, aponta a XP Investimentos.