Veículo: Valor Econômico
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Data: 20/08/2025

Editoria: Amazon, L-Founders
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Amazon planeja substituir sistema operacional próprio no tablet Fire pelo Android

Os dispositivos geralmente são vendidos pelo custo de fabricação ou próximo a ele. Mas o foco na simplicidade limitou as vendas, particularmente entre os consumidores que buscam maior desempenho

Por Greg Bensinger, Em Reuters — San Francisco
20/08/2025 09h14 Atualizado agora

A Amazon planeja uma grande mudança em sua linha de tablets Fire, após anos de reclamações crescentes de consumidores e desenvolvedores de aplicativos sobre o sistema operacional próprio da empresa.

Como parte de um projeto conhecido internamente como Kittyhawk, a Amazon planeja lançar um tablet mais sofisticado já no próximo ano, oferecendo o sistema operacional Android pela primeira vez, segundo seis pessoas familiarizadas com o assunto.

Desde a introdução do tablet Fire em 2011, a Amazon tem usado o que é conhecido como uma versão derivada do sistema do Google, com modificações personalizadas que o fazem funcionar como um sistema operacional único.

A Amazon há muito tempo busca vender mais barato que os rivais de hardware, com tablets e outros dispositivos de baixo custo que servem como porta de entrada para o conteúdo digital da empresa, como livros eletrônicos, vídeos e música.

Os dispositivos geralmente são vendidos pelo custo de fabricação ou próximo a ele. Mas o foco na simplicidade limitou as vendas, particularmente entre os consumidores que buscam dispositivos de maior desempenho.

O projeto de vários anos para mudar para o Android marca uma mudança filosófica para a gigante varejista, que historicamente evitou sistemas operacionais e softwares de terceiros em favor dos seus. Como resultado, a Amazon ofereceu sua própria loja de aplicativos, exigindo que os desenvolvedores criassem versões separadas de seus apps para os tablets Fire, o que limitou a variedade da loja.

Se o Kittyhawk for bem-sucedido, os tablets Fire poderão se tornar mais desejáveis para os consumidores que anseiam por compatibilidade com outros dispositivos Android, disseram as fontes. Elas alertaram que o projeto Kittyhawk pode ser atrasado ou cancelado por preocupações financeiras ou outras.

A Amazon não quis comentar, dizendo que não responde a rumores ou especulações.

“Os consumidores sempre expressaram preocupação por não terem acesso às versões mais recentes do Android, por não terem acesso a alguns de seus aplicativos porque a Amazon usava sua própria loja”, disse Jitesh Ubrani, pesquisador da empresa de consultoria de TI IDC. “Isso significava mais trabalho para os desenvolvedores na era atual de aplicativos ou serviços em grande parte gratuitos.”

Ubrani observou que, apesar disso, a Amazon vendeu muitos milhões de tablets. A Amazon abriu mão dos lucros nos próprios dispositivos em favor de ganhar dinheiro com a venda de seus serviços associados, como o aluguel de filmes por streaming.

Mas tais dispositivos de baixo custo geralmente vêm com concessões, como menor qualidade de tela ou vida útil da bateria, em comparação com opções mais caras.

A Amazon é a quarta maior vendedora de tablets do mundo, com 8% do mercado, logo atrás dos 8,2% da Lenovo, segundo dados do segundo trimestre da IDC. A Apple e a Samsung foram as líderes de mercado com 33,1% e 18,7%, respectivamente.

O primeiro tablet Android da Amazon, programado para o próximo ano, será mais caro que os modelos atuais, disseram as fontes. Uma delas disse que a Amazon discutiu um preço de US$ 400, quase o dobro do custo de seu atual tablet de ponta, o Fire Max 11, de US$ 230. Os iPads, em comparação, variam de US$ 350 a US$ 1.200. A Reuters não conseguiu obter especificações adicionais para o tablet planejado da Amazon, como tamanho da tela, qualidade dos alto-falantes ou capacidade de memória.

Historicamente, a Amazon evitou usar software ou outros produtos de terceiros, preferindo desenvolver os serviços internamente ou, na falta disso, adquirir um concorrente.

O smartphone Fire Phone, defendido pelo fundador da Amazon, Jeff Bezos, e lançado em 2014, não conseguiu conquistar os compradores em parte por sua dependência do Fire OS, bem como por seu alto preço. A Amazon cancelou o dispositivo e fez uma baixa contábil de US$ 170 milhões.

Mas a varejista tem mostrado mais recentemente uma disposição para usar serviços de rivais, particularmente através de seu investimento na startup Anthropic, cujo software de inteligência artificial Claude é a base principal do assistente de voz Alexa+ da Amazon e de um chatbot usado por funcionários conhecido como Cedric.

O novo tablet Fire, disseram as fontes, usará a versão de código aberto do Android, o que significa que não requer coordenação direta com o Google e pode ser personalizado.

A Amazon planeja lançar alguns tablets de preço mais baixo com seu sistema operacional Vega, baseado em Linux, que já está em alguns dispositivos Fire TV, disseram algumas das fontes. A linha completa de tablets será eventualmente equipada com uma versão do Android, disseram as pessoas.

O codinome interno do projeto Fire, Kittyhawk, parece derivar da cidade da Carolina do Norte perto de onde os irmãos Wright realizaram o primeiro voo motorizado em 1903. Mas também é o nome de uma startup fracassada de carros voadores, apoiada pelo cofundador do Google, Larry Page, que queimou centenas de milhões em dinheiro. A Amazon não quis discutir o significado por trás do nome de seu projeto Kittyhawk.

O novo tablet Fire, disseram as fontes, usará a versão de código aberto do Android, o que significa que não requer coordenação direta com o Google e pode ser personalizado — Foto: BloombergO novo tablet Fire, disseram as fontes, usará a versão de código aberto do Android, o que significa que não requer coordenação direta com o Google e pode ser personalizado — Foto: Bloomberg