Comércio de varejo on-line enfrenta novos desafios com suspensão de isenção tarifária nos EUA.
Publicado em 11/08/2025 às 21:28
Por: Renato Soares
Uma importante mudança nas regras de importação dos Estados Unidos, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, promete impactar diretamente o comércio internacional, principalmente as operações de gigantes do varejo digital como Shein e Temu.
A nova norma determina o fim da chamada “isenção de minimis”, dispositivo que permitia a entrada de pequenos pacotes no território americano sem cobrança de impostos de importação.
A regra, que entra em vigor em 29 de agosto, terá efeitos significativos sobre os preços dos produtos importados, com impacto direto para consumidores e vendedores.
Agora, mercadorias com valor inferior a US$ 800 (cerca de R$ 4.400), que antes estavam isentas, passarão a ser tarifadas com valores que variam entre US$ 80 e US$ 200 (R$ 440 a R$ 1.100), dependendo da origem e da tarifa padrão do país exportador.
O que muda com o fim da isenção de minimis?
Até então, empresas internacionais de e-commerce utilizavam a brecha legal da isenção para enviar milhões de pacotes aos EUA com preços extremamente competitivos.
A Shein e a Temu, por exemplo, se consolidaram nesse modelo de negócio ao oferecer produtos de baixo custo direto da China para o consumidor final, sem taxas adicionais.
A nova regulamentação estabelece três faixas de tarifação para produtos abaixo de US$ 800:
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- US$ 80 para países com tarifas inferiores a 16%;
- US$ 160 para países com tarifas entre 16% e 25%;
- US$ 200 para países com tarifas acima de 25%.
Além disso, as empresas não poderão mais usar estratégias de redirecionamento de mercadorias por países como Vietnã ou México para escapar da tributação. A origem exata de cada item deverá ser informada à alfândega americana, sob pena de sanções.
Foto: iStock
Trump justifica medida com foco em segurança e proteção comercial
Segundo o ex-presidente Donald Trump, a suspensão da isenção é uma forma de reforçar a segurança nas fronteiras, combater o contrabando de drogas e promover justiça tributária no comércio internacional.
Ele afirma que os pequenos pacotes são mais difíceis de fiscalizar e, por isso, mais suscetíveis à entrada de produtos ilegais.
A primeira fase da medida foi implementada em maio, quando a isenção de impostos foi cancelada para produtos da China e de Hong Kong, em meio à escalada das tensões comerciais entre os dois países. Agora, a regra se estende a todos os países exportadores, ampliando o alcance e os efeitos da nova política.
Impacto no e-commerce e nos consumidores americanos
A expectativa é que as grandes plataformas de e-commerce, como Shein, Temu, Amazon Haul e TikTok Shop, enfrentem maiores custos logísticos e operacionais.
Mesmo as empresas que já haviam adotado estratégias de adaptação, como manter estoques em centros de distribuição nos EUA, terão de pagar as novas tarifas, inclusive para remessas em grande escala.
De acordo com dados da alfândega americana, mais de 1,36 bilhão de pacotes entraram no país sob a isenção de minimis no último ano fiscal.
A revogação da regra poderá gerar aumento imediato no preço dos produtos para os consumidores finais, além de reduzir a competitividade das plataformas asiáticas no mercado norte-americano.
Consumidores devem se preparar para mudanças no comércio global
A nova regra de Trump representa uma reconfiguração importante nas relações comerciais entre os EUA e o restante do mundo.
Ao eliminar a isenção de minimis para pequenos pacotes, o país visa proteger a indústria local, aumentar a arrecadação fiscal e reforçar o controle sobre o comércio exterior.
Por fim, os efeitos colaterais poderão ser sentidos em toda a cadeia do e-commerce, encarecendo as compras online e dificultando o acesso a produtos de baixo custo, especialmente os oferecidos por plataformas como Shein e Temu, que dependem de alto volume e margens reduzidas.