Veículo: Valor Econômico
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Data: 28/07/2025

Editoria: L-Founders, petz/cobasi
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Disputa sobre fusão entre Petz e Cobasi chega às redes sociais em campanha com IA

Instituto Caramelo e Petlove questionam operação aprovada pela Superintendência do Cade; Petz e Cobasi afirmam que análise do órgão confirma ausência de prejuízo à concorrência
Por Luana Dandara, Valor — São Paulo
28/07/2025 16h44 Atualizado há 28 minutos

Petlove leva ao Cade recurso contra fusão entre Petz e CobasiPetlove leva ao Cade recurso contra fusão entre Petz e Cobasi — Foto: Divulgação

O mercado de produtos e serviços para animais de estimação vive um embate em torno da fusão entre as redes Petz e Cobasi, anunciada em agosto de 2024 e aprovada pela Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2 de junho deste ano. A operação foi levada ao Tribunal do órgão após recurso apresentado pela concorrente direta Petlove e ganhou novo capítulo nesta segunda-feira (28), com a estreia de uma campanha de marketing que leva a disputa às redes sociais.

Com a hashtag #NãoAoMonopólioPet, o Instituto Caramelo, que tem a Petlove entre seus parceiros, lançou dois vídeos produzidos integralmente com inteligência artificial, criados de forma interna pela ONG. As peças, com estética realista, simulam depoimentos em primeira pessoa de cães e gatos, que classificam a fusão como uma ‘catástrofe’ e afirmam que preços de ração, medicamentos e serviços para pets vão disparar. Assista aqui.

“Esse é o movimento mais drástico da história do mercado pet no Brasil. (…) A tecnologia nos ajudou a dar voz a quem mais sofre com os impactos de decisões econômicas tomadas sem sensibilidade social”, afirmou a responsável técnica do Instituto Caramelo, Marília Lima, em nota à imprensa. A ONG informou ter resgatado 358 animais em 2024 e 209 no primeiro semestre de 2025, e apontou dificuldades financeiras dos tutores como principal causa de abandono – problema que, segundo a entidade, pode se agravar com aumento de preços.

Além da veiculação dos vídeos, a iniciativa inclui um manifesto online direcionado a tutores, veterinários, comerciantes e defensores da causa animal. Segundo a Petlove, a fusão “tem potencial de levar ao fechamento de pequenos e médios pet shops, que não terão chance de competir”. A companhia declarou ainda: “A Petlove reafirma seu compromisso com o bem-estar animal e reitera a confiança no rigor técnico da análise do Cade e na adoção das medidas necessárias para a garantia de um ambiente competitivo saudável que proteja, sobretudo, os animais de estimação.”

As críticas da ONG e da Petlove foram rebatidas em comunicado conjunto por Petz e Cobasi, que alegaram que “as informações passadas pela campanha são incorretas e distorcem a análise técnica do Cade”.

“O Conselho consultou amplamente o mercado e utilizou as melhores práticas para obter uma visão completa da situação, concluindo que a operação não prejudicará a concorrência”, afirmaram as empresas. Elas também ressaltaram que, mesmo juntas, detêm “market share aproximado de 10%” e que “a diversidade de supermercados, agrolojas, marketplaces e pet shops independentes atua como pressão competitiva suficiente para evitar concentração de mercado”.

As empresas também destacaram suas ações sociais. “A Cobasi, por meio do programa Cobasi Cuida, já amparou mais de 200 mil animais, distribuiu 8 milhões de refeições e apoiou 190 ONGs desde 1998. A Petz, com o Adote Petz, é responsável por 85 mil adoções desde 2007, sendo 3,5 mil somente em 2025, além de R$ 6,9 milhões em doações de produtos e serviços no último ano”, diz a nota, enviada ao Valor.

Pela operação, acionistas da Petz terão 52,6% da nova empresa e os da Cobasi, 47,4%. A Petz será uma subsidiária na companhia combinada. A nova empresa terá faturamento de cerca de R$ 7 bilhões.