O governo Lula deve publicar até terça-feira (15) o decreto que regulamenta a chamada lei da reciprocidade, instrumento que permitirá ao Brasil adotar medidas em resposta à sobretaxa de 50% anunciada pelos Estados Unidos para produtos brasileiros. A informação foi confirmada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), neste domingo (13), em São Paulo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião neste domingo (13) para preparar a reação formal ao anúncio de Donald Trump. Alckmin afirmou que a prioridade ainda é reverter a decisão americana antes que entre em vigor, no dia 1º de agosto.
“Acreditamos que essa tarifa é inadequada e não encontra justificativa”, disse o vice-presidente durante a inauguração de um viaduto em Francisco Morato, na Grande São Paulo.
Na última quarta-feira (9), o vice-presidente afirmou que o governo brasileiro não mudará seu tom apesar da ameaça do presidente dos EUA.
Alckmin reiterou que considera as tarifas dos EUA contra o Brasil injustas e que prejudicam a própria economia norte-americana. O vice-presidente afirmou que os dois países têm 200 anos de amizade.
Como aconteceu com outros países nesta semana, o anúncio do tarifaço ocorreu por meio de uma carta dirigida ao presidente Lula e publicada no perfil de Trump na rede social Truth Social.
Trump justifica a tarifa alegando que a relação comercial entre os dois países é “muito injusta” e “não recíproca”, citando políticas tarifárias e não tarifárias do Brasil e supostos déficits comerciais dos Estados Unidos.
No entanto, os números oficiais mais recentes desmentem a afirmação de Trump. Faz 17 anos que o fluxo de bens entre os dois países favorece os americanos, que vendem mais do que compram.
Além de discutir a tarifa, o republicano saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na carta e criticou decisões do STF (Supremo Tribunal Federal).
Trump afirmou que a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma vergonha e que o julgamento contra o ex-presidente é uma “caça às bruxas que precisa ser encerrada”.
IPI ZERO DEVE REDUZIR PREÇO DE CARRO EM R$ 12 MIL
No evento deste domingo, Alckmin lembrou ainda do início da aplicação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) zero para o carro sustentável, medida anunciada pelo presidente Lula na última semana, que retira o imposto do valor dos carros de entrada, ou seja, torna-os mais baratos. A informação é da Agência Brasil
“Isso pode reduzir o preço do carro de entrada em R$ 10mil, R$ 12 mil. É uma medida importante que ajuda a população a ter acesso àquele carro mais barato e sustentável, um carro que não polui. Privilegia a eficiência energética, a questão da sustentabilidade e também é social”, disse Alckmin.
O decreto mira a produção nacional de veículos compactos com alta eficiência ambiental. A medida integra o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado em 2023, e tem como objetivo impulsionar a descarbonização da frota brasileira por meio de incentivos fiscais, com foco na redução das alíquotas do IPI.
Para ter acesso à isenção total do imposto, os veículos devem cumprir quatro critérios: emitir menos de 83 gramas de dióxido de carbono (CO₂) por quilômetro rodado, utilizar ao menos 80% de materiais recicláveis, ser inteiramente produzidos no país —incluindo etapas como soldagem, pintura, fabricação do motor e montagem — e se enquadrar na categoria de carro compacto, voltado ao segmento de entrada das montadoras.
Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as empresas que já se inscreveram no programa são Stellantis (que abrange Citroën, Fiat e Peugeot, por exemplo), Volkswagen, Renault, Chevrolet e Hyundai.
As montadoras Volkswagen, Renault e Fiat anunciaram descontos na sexta-feira (11).