Veículo: Valor Econômico
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Data: 11/07/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Análise: Amazon, Nike e as ‘blusinhas’ dolarizadas, o que o consumidor pode esperar do ‘tarifaço’

O “tarifaço” anunciado pelo governo americano ao Brasil testa não só os nervos das empresas, mas a capacidade de absorção do baque dos prováveis aumentos de preços nas contas das companhias.

Se a recente valorização do câmbio se perpetuar (um dos efeitos imediatos do “tarifaço”), naturalmente aumentará a pressão inflacionária, já que dólar caro afeta cotações de “commodities” e tira poder de compra da população, encarecendo alimentos, por exemplo.

O país viveu essas consequências, especialmente, entre dezembro e abril de 2025, nos preços dos supermercados, e, semanas atrás, parecia que esta onda havia passado.

Mas ainda há outro efeito, mais cirúrgico: o impacto individual, na análise de cada negócio, para companhias que importam mercadorias industrializadas dos EUA, ou da cadeia de fornecimento de produtos em moeda americana.

Nesse grupo, há possíveis efeitos na Amazon no país, na SBF, dona da Centauro e operadora da Nike no país, e em varejistas de vestuário que compram coleções em dólar.

A operação da Nike é quase a metade do grupo SBF, e a companhia compra mais de 50% dos produtos em dólar, pela cadeia de vendas da marca americana. A SBF tem acordo para operar e distribuir a Nike no Brasil.

Na Amazon, parte do fornecimento é de países asiáticos, mas uma parcela ainda importante passa pelos centros de distribuição espalhados nos EUA. Em seu site no Brasil, a empresa informa aos consumidores que suas mercadorias vêm basicamente da China e dos Estados Unidos.

Relatório do Goldman Sachs desta quinta-feira (10) lembra que redes de moda locais compram de 25% a 35% de suas coleções em moeda americana.

Essas terão que decidir se absorvem parcialmente a inflação de preços, e se mantêm minimamente competitivas, ou se repassam e veem o tamanho do efeito no faturamento. Obviamente, outra opção é buscar novos fornecedores, algo que já vinha sendo mapeado pelos grupos locais desde que Trump converteu ameaças em medidas práticas, no começo do ano. Só que essa alternativa enfrenta limitações em termos de produtividade, frente aos fornecedores globais.