Após o Ibovespa registrar queda de 1,26% na véspera (7), aos 139.489 pontos, e o dólar subir quase 1%, cotado a R$ 5,48, o mercado deve reagir nesta terça-feira (8) às incertezas geradas pelas novas taxas que começarão a valer em agosto, além das ameaças de sobretaxação a países do bloco Brics. A volatilidade das ações e da moeda local reflete a apreensão diante das medidas comerciais que podem aumentar custos, pressionar a inflação global e influenciar a política de juros do Federal Reserve, o banco central americano.
Ainda hoje, a atenção dos agentes econômicos se volta para indicadores domésticos e internacionais que podem dar pistas sobre o rumo da economia. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga, às 9h, os dados de vendas no varejo, indicador que mostra o comportamento do consumo das famílias. Já nos Estados Unidos, a Energy Information Administration (EIA) publica às 17h30 o relatório semanal sobre os estoques de petróleo, informação que impacta o preço do combustível e, consequentemente, os mercados financeiros.
O que vai mexer com o mercado nesta terça
Agenda
O presidente Lula terá uma agenda intensa no Palácio da Alvorada nesta terça-feira. Às 10h, participa da cerimônia oficial de chegada do Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, seguida por uma reunião com o convidado às 10h30. Ao meio-dia, Lula preside a cerimônia de assinatura de atos, com uma declaração conjunta à imprensa às 12h30. Às 13h, oferece almoço ao Primeiro-Ministro Modi, acompanhado pela primeira-dama Janja Lula da Silva. No período da tarde, às 15h30, recebe o chefe do Gabinete Pessoal, Marco Aurélio Marcola, e o chefe do Gabinete Adjunto de Agenda, Oswaldo Malatesta. Por fim, às 16h, encontra-se com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
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Gabriel Galípolo, presidente do BC, participa de audiência por videoconferência, das 10h às 11h, com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e dos bancos Itaú-Unibanco, Bradesco, Santander, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. O encontro será fechado à imprensa. À tarde, das 12h às 14h, participa de almoço em Brasília com parlamentares da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo (FPE) e associados do Instituto Unidos Brasil (IUB), evento aberto à imprensa.
Às 14h, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve participar de audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara.
Brasil
9h – Vendas no varejo
EUA
17h30 – Estoques de petróleo
INTERNACIONAL
Novas tarifas
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas entre 20% e 40% sobre importações de 14 países a partir de 1º de agosto de 2025. Os alvos são: África do Sul (30%), Bangladesh (35%), Bósnia e Herzegovina (30%), Camboja (36%), Cazaquistão (25%), Coreia do Sul (25%), Indonésia (32%), Japão (25%), Laos (40%), Malásia (20%), Mianmar (40%), Sérvia (35%), Tailândia (36%) e Tunísia (25%). Trump avisou que qualquer retaliação elevará ainda mais as tarifas. A tarifa da Coreia foi mantida; a do Japão subiu 1 ponto. Após o anúncio, ações da Toyota caíram 4,1% e da Honda, 3,8%. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que novos anúncios comerciais sairão até esta quarta-feira (9). O prazo para negociações com os países foi estendido até 1º de agosto.
De olho
Donald Trump acompanhou de perto a cúpula do Brics, informou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, na segunda-feira (7). No início de 2025, Trump já havia ameaçado impor tarifas de 100% sobre países do bloco que não se alinhassem aos interesses comerciais dos EUA. Os Brics discutem há anos a criação de uma moeda comum para substituir o dólar no comércio internacional. A Casa Branca acusa o grupo de minar os interesses dos Estados Unidos, algo que, segundo Trump, “não é ok”.
Trump sobre Bolsonaro
Trump afirmou que o Brasil trata Bolsonaro de forma “horrível” e que ele sofre perseguição política. Trump comparou a situação de Bolsonaro à sua própria. Aliados do ex-presidente pedem sanções contra o ministro Alexandre de Moraes.
Resposta
O presidente Lula (PT) criticou Donald Trump nesta segunda-feira (7) por ameaçar impor tarifas a países do Brics, dizendo que “o mundo não quer imperador” e que existe “lei da reciprocidade”. A declaração foi feita no Rio de Janeiro, durante a cúpula do Brics. Trump havia afirmado que países alinhados a “políticas antiamericanas” do bloco pagariam tarifa extra de 10%. Lula afirmou que o grupo não deu importância às ameaças e defendeu reduzir o uso do dólar no comércio. Também rebateu Trump por defender Bolsonaro, dizendo que o Brasil é uma país soberano “não aceita interferência de quem quer que seja” e que “a defesa da democracia cabe aos brasileiros”..
ECONOMIA
INSS
Cerca de 2,27 milhões de aposentados e pensionistas do INSS poderão receber de volta valores descontados indevidamente por associações e sindicatos, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. Eles fazem parte dos que contestaram os débitos e não obtiveram resposta no prazo, o que permite o ressarcimento administrativo. Os pagamentos devem começar em 24 de julho, diretamente na conta dos segurados. O acordo foi homologado pelo ministro Dias Toffoli (STF), que suspendeu ações judiciais sobre o tema. Quem aderir ao acordo não poderá pedir indenização por danos morais ao INSS.
Crédito para exportação
O BNDES aprovou R$ 6,8 bilhões em créditos para exportações no 1º semestre de 2025, maior valor desde 2016. O montante representa alta de 40,5% em relação a 2024 e supera em 1.510% o volume de 2022. Segundo o presidente do banco, Aloizio Mercadante, a retomada do apoio visa fortalecer a competitividade das empresas brasileiras no exterior. A medida faz parte da nova política industrial do governo Lula. O objetivo é ampliar produção, exportações e geração de empregos no país.
Produção de veículos
A produção de veículos no Brasil caiu 6,5% em junho frente a maio, somando 200,8 mil unidades, segundo a Anfavea. Na comparação anual, a queda foi de 4,9%. As vendas também recuaram: 212,9 mil unidades no mês, baixa de 5,7% em relação a maio e de 0,6% ante junho de 2024. Os estoques somavam 259,3 mil veículos, equivalentes a 38 dias de vendas. As vendas de nacionais caíram 6,3% no mês, enquanto os importados recuaram 2,7%. Na comparação anual, os nacionais recuaram 1% e os importados subiram 0,9%.
Tesouro Nacional
O Tesouro Nacional pretende voltar ao mercado externo ainda em 2025, após captações de US$ 5,25 bilhões no primeiro semestre. O secretário Rogério Ceron disse em entrevista à Folha de S.Paulo que uma nova emissão com foco sustentável está no radar. Ele destacou que o spread de risco do Brasil está em patamar atrativo e que o país será ativo no segundo semestre. A última vez com mais de duas operações externas em um ano foi em 2014, antes da perda do grau de investimento.
POLÍTICA
Integralidade do IOF
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta segunda-feira que o governo vai defender que se mantenha a integralidade do decreto que aumenta alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) durante o processo de judicialização do tema levado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula sobre IOF
O presidente Lula (PT) afirmou que a derrubada do decreto do IOF pelo Congresso foi inconstitucional, mas reconheceu que divergências políticas são normais na democracia. Disse que tratará do tema com a AGU após compromissos com líderes da Índia e Indonésia. Lula criticou a suspensão do decreto, mas relativizou a decisão de Moraes, citando precedentes. O STF marcou audiência de conciliação para o dia 15. A medida do Congresso foi vista como violação à separação de Poderes, segundo o governo.
Emendas
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), determinou que cada deputado poderá indicar o uso de até R$ 11 milhões em emendas de comissão, além dos R$ 37 milhões em emendas individuais. As comissões deverão votar e registrar essas indicações, mas a liberação dos recursos depende do governo, pois não são impositivas. Líderes partidários e Motta têm ainda verbas maiores, que podem ultrapassar R$ 100 milhões por bancada. O fim do sigilo nas emendas de comissão ocorre após decisão do STF, e a liberação dos recursos dependerá de alinhamento político com o governo Lula.
Corte de gastos
O Ministério da Fazenda publicou uma portaria na segunda-feira (7) com cortes de gastos para este ano, restringindo passagens em classe executiva para servidores e suspendendo compras e novos eventos. Novas contratações que gerem despesas também estão suspensas, exceto para o ministro Fernando Haddad. Gastos urgentes podem ser autorizados por subsecretários da pasta. A medida faz parte do congelamento de R$ 31,3 bilhões anunciado pelo governo Lula, motivado pelo aumento dos gastos previdenciários, que somam mais de R$ 1 trilhão. O corte visa compensar a derrubada do aumento do IOF pelo Congresso, com audiência marcada para 15 de julho.
Novo presidente do PT
Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e ex-ministro, foi eleito presidente do PT até 2029, com apoio do presidente Lula. Ele venceu no primeiro turno a disputa interna contra Rui Falcão e outros dirigentes. Sua gestão será estratégica para a campanha de reeleição de Lula em 2026 e para manter alianças políticas. Edinho promete unir o partido, renovar o diálogo com evangélicos e apresentar propostas de segurança pública. Seu perfil conciliador será importante diante das divisões internas e do giro à esquerda do PT no Congresso.
Cassino
O projeto de lei que autoriza o funcionamento de cassinos e bingos, legaliza o jogo do bicho e permite apostas em corridas de cavalos é um dos cinco itens que estão na pauta da sessão do Senado desta terça-feira (8), com início às 14h. O Plenário pode votar ainda a indicação de diplomatas para os cargos de embaixadores do Brasil na Espanha, na Hungria, na Suíça e na República Tcheca. Os nomes já foram sabatinados e aprovados na Comissão de Relações Exteriores (CRE). Com informações da Agência Senado.