Capitalizada por uma rodada de R$ 150 milhões liderada pelo iFood e acompanhada por GIC a Minerva, a Shopper vai dobrar a capacidade logística para conseguir manter o ritmo de crescimento e passar a distribuir também pelo app de seu novo acionista.
Hoje são dois centros de distribuição e um ponto de apoio em Campinas, que atendem 130 cidades. “Vamos abrir o terceiro CD, em São Paulo, que é duas vezes maior que os outros dois juntos para suportar o crescimento mais acelerado”, conta Fabio Rodas, CEO e fundador da Shopper. “Seremos um seller no ecossistema do iFood, mas sem alterar nosso modelo de negócio.”
Muitos concorrentes da Shopper ficaram pelo caminho nos últimos anos na briga de entrega rápida de perecíveis. No aplicativo de delivery, a demanda é alta também por prazo, com lojas físicas próximas ao consumidor. “A nossa ocasião de consumo é um pouco diferente nesse ecossistema digital. Temos a solução de fullfilment centers que garantem um mix mais amplo e menos ruptura, focado na compra de abastecimento”, diz Rodas.
Supermercado digital, a Shopper começou a operar há quase 10 anos no formato de compra mensal com disponibilização de mil SKUs. Há quatro anos, agregou a Fresh, com entrega semanal de frutas e verduras – segmento que mais cresce nos últimos anos -, e já passou de 12 mil SKUs.
“A entrega de perecíveis é a última barreira do e-commerce. É um negócio mais complexo e a gente não imaginava que tomaria essa proporção dentro da Shopper”, conta o CEO, que conta com um chef de cozinha fazendo a experimentação de cada lote de produto que chega aos CDs.
A Fresh já responde por 40% das entregas, o que explica porque metade do novo CD será ocupado por câmaras frias. A entrega de congelados em domicílio com gelo seco, manta térmica e garrafas de água congelada, copiadas de modelos internacionais, também ajudou a engatar a operação – uma preocupação a menos para o cliente que não estava em casa na hora da entrega, feita na portaria (ou na própria cozinha, quando o comprador quer).
“Parecem detalhes, mas UX não é só sobre o tempo de entrega e cuidado de empacotamento, mas também onde esse produto foi deixado e a educação do entregador”, diz Rodas sobre experiência do usuário.
A companhia também abriu uma loja física teste em São Paulo, na rua Pamplona. “É um piloto, estamos testando, sem acelerar, por enquanto. A gente acredita que boa parte da compra pode sair do CD direto para o cliente, mas que pode ter a parte mais prazerosa do mercado numa loja com cashback para o app”, explica, sobre a unidade centrada em petiscos, marcas diferenciadas e itens saudáveis.
A Shopper e o iFood já vinha se aproximando há pelo menos cinco anos, segundo o empreendedor, com visões semelhantes sobre ecossistema digital e jornadas de compra. O gigante de delivery não tem opção de compra de participação adicional, mas tem cláusula preferencial, assim como outros investidores.
A companhia soma 1,7 mil funcionários e tem 200 vagas abertas. Uma das bases para a atual expansão foi investir nos próprios sistemas de tecnologia, segundo o CEO. “A maioria das varejistas usa sistemas de terceiros. É muito difícil ter uma cultura que faz o operacional, encanta o cliente, e também a cultura de tecnologia”, avalia Rodas.
Na Shopper, o caminho foi criar mini-startups dentro da empresa, com seu próprio sistema de CRM, sua própria logtech, seu modelo de fullfilment. “Enfrentamos todos esses desafios dentro de casa, sem pegar sistemas de prateleira. Foi o caminho mais difícil, a gente teve que trabalhar o triplo no início para desenvolver essas frentes, mas deu saúde ao negócio”, diz.
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