Veículo: Valor Econômico
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Data: 23/06/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Petlove questiona no Cade aprovação da operação entre Petz e Cobasi

A Petlove apresentou recurso no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para questionar a aprovação, pela área técnica do órgão, da operação entre Petz e Cobasi. Na prática, o recurso pode levar o caso ao Tribunal do órgão antitruste e, no mínimo, atrasa os planos de integração das concorrentes.

Anunciada em agosto do ano passado, a operação une as principais empresas do setor. Pela operação, acionistas da Petz terão 52,6% da nova empresa e os da Cobasi, 47,4%. A Petz será uma subsidiária na companhia combinada. A nova empresa terá faturamento de cerca de R$ 7 bilhões. Apesar de o negócio concentrar dois gigantes do setor, foi relevante para a aprovação sem restrições pela Superintendência Geral do Cade, a análise do “mercado relevante” considerar diversos pet shops, de diferentes tamanhos, e não apenas concorrentes que têm megalojas, e também o comércio eletrônico.

Esse foi o principal ponto atacado pela concorrente no Cade. Em recurso, a Petlove alega que em outros casos de fusões no varejo foi considerado o tamanho de lojas e a diferença do on-line para presencial para definir o “mercado relevante”. O pedido afirma ainda que precedentes recentes entendem que a atividade de marketplace é um segmento distinto dos demais tipos de comércio no varejo on-line. Foram citadas as decisões nos casos entre Arezzo e Grupo Soma, Mobly e Estok, Casa & Vídeo Brasil e Lojas Le Biscuit, Lojas Americanas e Uni.co, além de Magazine Luiza e Kabum Comércio Eletrônico.

“O Parecer SG adota definição de mercado relevante excessivamente abrangente para os segmentos de varejo físico e on-line de produtos pet, abandonando critérios de diferenciação de players por porte, abrangência de portfólio, modelo de negócios e perfil de consumo já consolidados na prática decisória do Cade envolvendo setores análogos de varejo”, afirma o pedido.

Terceira em tamanho entre grandes redes de pet shop e venda de produtos para pets, a Petlove concentra sua operação no segmento virtual e afirma que haverá vantagem da Petz/Cobasi na negociação com fornecedores – e que pet shops menores já não conseguem ter o mesmo portfólio de produtos e serviços e competir com preços, pela escala das operações.

Ainda segundo o recurso, o Cade reconhece que lojas maiores exercem pressão competitiva sobre as lojas menores, mas o inverso não ocorre. Os produtos disponíveis nas lojas de pequeno e médio portes são encontrados nas grandes lojas, porém nem todos os produtos disponibilizados pelas grandes lojas são encontrados em lojas menores e os preços em loja maiores pressionam os preços de lojas menores, mas o contrário, em geral, não ocorre.

“O fato de que os pet shops de bairro enxergam Petz e Cobasi como concorrentes não significa que Petz e Cobasi também considerem esses estabelecimentos como seus concorrentes diretos”, afirma a Petlove no recurso. Segundo a empresa, as superstores exercem pressão competitiva sobre os pet shops de menor porte, demonstrando a razão pela qual os pet shops menores citam a Petz e a Cobasi como concorrentes, mas o inverso não ocorre.

Ainda segundo o recurso da Petlove, a Petz e a Cobasi oferecem uma gama de serviços aos consumidores que não são oferecidos por nenhum outro player. Além disso, as líderes contemplam produtos premium de diferentes marcas e fornecedores que não são encontrados em outros estabelecimentos e um número cada vez maior de produtos de marca própria. “A empresa combinada, terá poder de barganha incontestável na negociação com fornecedores”, pontua a Petlove, afirmando que o parecer da SG não trata dessa preocupação.

Ainda segundo a Petlove, o teste de mercado conduzido pela própria SG confirma que a maioria dos concorrentes e fornecedores vê a operação com preocupação, apontando riscos de exclusão de rivais, aumento de preços e redução da diversidade de oferta.

A concorrente também pontuou que o parecer não faz uma análise “minimamente detalhada” a respeito do racional da operação, ignorando afirmações feitas pelo CEO da Petz de que “o principal mérito dessa transação” seria o fato de que “temos uma guerra no mundo físico, onde o principal competidor [da Petz] é a Cobasi e vice-versa” e de que “as marcas estão se unindo porque por vezes ficamos nos degradando para conquistar os mesmos mercados” e que a junção da Petz e da Cobasi “preserva o desperdício de energia da competição”.

A Petlove pede que a operação seja reprovada e, caso aprovada, sejam impostas restrições importantes (os chamados remédios).