Veículo: Estadão Investidor
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Data: 09/06/2025

Editoria: L-Founders, Magazine Luiza
Assuntos:

Como a mudança no IOF iria impactar o Magazine Luiza (MGLU3)? Veja o que diz o CEO

Em entrevista exclusiva, executivo fala da estratégia da empresa para o restante do ano e pagamento de dividendos em 2026

Frederico Trajano é o CEO do Magazine Luiza (MGLU3) (Foto: Júlia Bandeira/Fórum Esfera)
Frederico Trajano é o CEO do Magazine Luiza (MGLU3) (Foto: Júlia Bandeira/Fórum Esfera)

O CEO do Magazine Luiza (MGLU3), Frederico Trajano, disse em entrevista exclusiva ao E-Investidor que a proposta do governo que trata do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) poderia ter impacto inflacionário sobre a companhia em função das operações com risco sacado – em que a empresa compradora facilita a antecipação do pagamento de faturas aos seus fornecedores. O governo elevou a alíquota para até 3,95% ao ano em operações com o risco sacado.

No entanto, Trajano lembra que o Executivo deve rever a proposta após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, afirmar que tratará amanhã na reunião com a equipe econômica do governo alternativas à proposta do IOF. A fala do executivo foi feita neste sábado (7) nos bastidores do evento Esfera Brasil.

“Poderia acontecer de fato um impacto inflacionário se a medida fosse implementada. Mas acreditamos que o governo entende tudo isso e provavelmente não vai levar a proposta para frente. Tenho essa visão com base em tudo que ouvimos no Esfera, como as falas do presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta”, disse Trajano ao E-Investidor.

O posicionamento do executivo sobre o impacto do IOF segue precificações da alguns analistas de mercado. Analistas do JPMorgan, por exemplo, estimam que a companhia de Frederico Trajano seria afetada por um repasse inflacionário de seus fornecedores do risco sacado.

Para os analistas do JPMorgan, a empresa teria de escolher entre reduzir as margens ou repassar esse aumento de preços para clientes. Caso optasse pela segunda alternativa, o Magalu poderia ter uma redução das receitas puxada pela alta de preços. Questionado se a medida de fato preocupa ou não a companhia, Trajano comentou que a proposta não será implementada e por isso terá “impacto zero” sobre a varejista.

Magazine Luiza pode pagar dividendos em 2026?

Um dos temas discutidos na entrevista foi a empresa retomar o pagamento de dividendos para o investidor em 2025. Em maio, a companhia distribuiu R$ 225 milhões em proventos. A política de dividendos do Magazine Luiza aponta que o investidor tem o direito de receber 15% de seu lucro líquido após a construção de uma reserva legal para contingências, equivalente a uma reserva de emergência.

Questionado pelo E-Investidor se a Magazine Luiza pretende pagar dividendos no próximo ano (2026), o executivo afirmou que isso depende da capacidade de geração de lucro do Magalu e o momento atual é justamente de continuar dando resultado para o investidor. Durante a conversa, o CEO do Magazine Luiza pontuou que a empresa mantém os mesmos planos de gestão para o restante do ano.

Segundo ele, a varejista da família Trajano deve continuar com foco na diversificação de receitas. Ele lembra que a empresa está há três anos recuperando margens. No ano passado, o aumento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) e lucro da operação da companhia foi de mais de 50%.

A margem Ebitda, que mede a rentabilidade operacional da empresa, cresceu significativamente e chegou a 8 pontos percentuais. Segundo Trajano, sua gestão mostrou que mantém capacidade de entregar um balanço que protege a varejista em relação ao aumento atual de alta das taxas de juros.

Juros altos pesam, mas CEO do Magalu estima melhora no longo prazo

O executivo foi perguntado se o resultado do primeiro trimestre de 2025 não mostra que a companhia está desacelerando, com a queda de 54,3% no lucro líquido no período. A varejista saiu de R$ 27,9 milhões em ganhos no primeiro trimestre de 2024 para um lucro de R$ 12,8 milhões entre janeiro e março de 2025.

O executivo afirma que a desaceleração foi feita “de maneira consciente para manter o foco em aumento de margem operacional”. Com os juros em um patamar elevado, o segmento de bens duráveis, o principal da empresa, é o que mais sofre com essa taxa, na visão dele.

“Existe um componente macro significativo para justificar a desaceleração. Agora, estamos no topo do ciclo de juros e eles tendem a cair – pode não ser este ano, mas, quando acontecer, sem dúvida seremos um dos principais veículos de crescimento”, diz o CEO do Magazine Luiza (MGLU3).