Volume financeiro dos papéis da empresa superou R$ 300 milhões. Companhia sofreu pior perda diária na Bolsa desde 2017
— Rio de Janeiro
06/05/2025 17h31 Atualizado agora
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/l/7/mMzcKDSoS8GqKl4uZABQ/89529211-ec-sao-paulo-sp-10-09-2020-grupo-pao-de-acucar-gpa-propoe-a-cisao-do-assai-rede-de-at.jpg)
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
As ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) despencaram nesta terça-feira, encerrando o dia em queda de 20,21%, a R$ 3,04, após a empresa reportar seu balanço patrimonial do primeiro trimestre de 2025. Além disso, discussões sobre o Conselho de Administração da empresa também pressionaram os papéis da varejista. No total, a empresa perdeu R$ 378 milhões em valor de mercado.
A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 169 milhões nos primeiros três meses deste ano, uma melhora de 74,4% frente ao prejuízo registrado no mesmo período no ano passado. Já a receita líquida da companhia cresceu 3,9% no confronto anual.
Para o Itaú BBA, a varejista “mantém um dos modelos de negócios mais resilientes em meio a condições macroeconômicas turbulentas”. Entretanto, em relatório, o banco aponta que a alta alavancagem e as contingências seguem como obstáculos para a companhia.
Pedro Lang, que chefia a área de renda variável da Valor Investimentos, sinaliza que o resultado pode ser visto por duas óticas: a operacional e a de dívida. Se por um lado as métricas da primeira vieram melhores, as despesas da companhia seguem pesando para a reestruturação da varejista.
O GPA encerrou o primeiro trimestre com dívida líquida de R$ 2,4 bilhões, um crescimento frente aos R$ 1,39 bilhão registrados no trimestre exatamente anterior.
— Se você olhar do ponto de vista operacional, as métricas vieram melhores. O que continua incomodando é a dívida. É uma dívida chata, que incomoda, a despesa financeira segue afetando muito os resultados — disse Lang.
O fato da empresa ter feito uma queima de caixa relevante durante o período também preocupa os investidores, aponta Lucas Barbosa, analista da Ativa Investimentos. Ele indica também que, embora a alavancagem tenha se mantido relativamente estável e saudável, o fato do GPA não ter mais ativos para vender e aliviar suas despesas e dívidas acende um alerta para o mercado.
Disputa no Conselho
Outro tópico que afetou a performance das ações da empresa nesta terça-feira foi a discussão em torno da reestruturação do Conselho de Administração do GPA.
Nesta segunda-feira, a varejista realizou uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que destituiu o conselho vigente e elegeu um novo colegiado composto por nove membros escolhidos por meio de voto múltiplo. A AGE foi solicitada em março pela gestora Trustee Investimentos, responsável pelo fundo multimercado Saint German, controlado pelo empresário Nelson Tanure.
Tanure esperava eleger três representantes indicados por ele mesmo, mas conseguiu apenas um, Edison Ticle. O investidor Rafael Ferri e o empresário André Luiz Coelho Diniz foram os outros dois eleitos. As seis posições restantes foram preenchidas por meio do remanejamento de três conselheiros já atuantes e pela eleição de três indicados pelo grupo francês Casino, controlador do GPA.
Lang, da Valor, aponta que o mercado começou a discutir se Tanure, visto como derrotado na disputa, teria “jogado a toalha” e passado a reduzir sua posição na empresa. Em entrevista à agência Reuters, o empresário disse que tinha um plano para o futuro da varejista, mas, por não ter eleito a chapa que desejava, estaria revendo sua estratégia no negócio.
O analista da Valor aponta que, ainda que Tanure não tenha reduzido sua posição, o empresário segue sendo um acionista de referência e que tem participação relevante no negócio:
— Uma notícia, qualquer que seja ela, de uma pessoa dessa importância pro negócio acaba afetando bastante.
Barbosa, da Ativa, afirma que, para além da possível saída de Tanure do projeto do GPA, a falta de definição dos próximos passos do novo conselho também afetou a performance das ações da companhia.
— Ainda existe uma “falta de cor” sobre quais são os próximos passos desse novo conselho.