Veículo: Valor Econômico
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Data: 07/05/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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O tombo de GPA: a redução da fatia de Tanure, e o plano para a rede

A forte queda das ações de GPA no pregão desta terça-feira tem relação principalmente com sinais negativos vindos do movimento de acionistas, dizem fontes. Há minoritários ouvidos hoje que veem maior peso desse ambiente do que pela questão não operacional da rede. “Foi um tombo muito forte, não é balanço isso,”, diz um investidor em GPA. As ações ordinárias do GPA (PCAR3) fecharam em queda de 20,21%, a R$ 3,04, após mínima de R$ 2,70.

O Valor apurou que investidores veem hoje no mercado um movimento de saída definitiva de Nelson Tanure, com a venda de seus papéis depois da assembleia de acionistas de ontem, além da venda de ações alugadas de Rafael Ferri. O investidor já teria elevado sua posição em ONs desde então.

Ferri se desfez das ações que alugava, apurou o Valor, reduzindo de 5,86% para 2,73% a sua fatia total.

Procurado, Tanure ainda não se manifestou. O Valor apurou que Tanure teria revisto a sua estratégia de investimentos no GPA, depois da entrada de diversos investidores no ativo, e no conselho de administração – Tanure ficou apenas com uma cadeira no novo colegiado formado ontem.

Isso ocorreu, especialmente, depois de os franceses do Casino terem mantido poder na empresa, mesmo após afirmarem que querem deixar o negócio no país, e após uma aproximação recente entre Tanure, Ronaldo Iabrudi e Daniel Kretinsky. A ideia seria Tanure ter uma maior força no conselho, com uma posterior fusão com Dia, e eventual saída dos sócios do Casino nesse processo.

O Casino manteve três lugares no conselho, e Tanure, então, reviu sua estratégia e resolveu sair do ativo, dizem fontes — deixando de lado, inclusive, o interesse em comprar a fatia do Casino.

O fundo de investimento Saint German, controlado por Tanure, nomeou apenas um membro para o conselho, em assembleia de acionistas na segunda-feira (5).

Em janeiro, Tanure tinha 9,5% das ações da empresa, segundo comunicado ao mercado, considerando ONs e derivativos.

A posição dele teria sido reduzida para 6% (votou ontem com a sua fatia por meio do fundo Saint German) até voltar a cair ainda mais hoje, diz uma fonte.

Tanure propôs, no final de março, a destituição do atual conselho e eleição de novos membros, com três indicações. Mas, com mais investidores entrando no ativo, como Rafael Ferri e a família Coelho Diniz, dona de rede de supermercados de Minas Gerais, os votos se diluíram, o que complicou a eleição dos três membros.

Tanure elegeu apenas Sebastián Dario Los, ex-Cencosud, indicado pelo fundo.

Na teleconferência de primeiro trimestre nesta manhã, o CEO do GPA, Marcelo Pimentel, foi perguntado sobre o cenário atual, e ele disse que o novo conselho de administração tem pessoas capazes de ajudar a empresa — além de Sebastián Los, do varejo de supermercados, ainda há o indicado pela família Coelho Diniz, na figura de André Coelho Diniz. Por isso, acredita que haverá ganhos dentro desse cenário atual.

Daqui para frente, caso Tanure retire sua indicação ao conselho, a empresa ficaria, na linha de frente do colegiado, com indicados pelo Casino e pela rede de MInas Gerais, negócio de capital fechado com força apenas regional, além de Ferri, sem conhecimento desse mercado e sem amplo conhecimento do setor. “Ainda é um ‘board’ mais parrudo do que se tinha antes, mesmo depois de tudo isso”, diz uma fonte ligada à rede.