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Data: 28/04/2025

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Multiplan (MULT3) se saiu bem no 1º trimestre? Veja o que dizem essas corretoras

Multiplan. (Foto: Adobe Stock)
Multiplan. (Foto: Adobe Stock)

Multiplan (MULT3) – dona de uma rede com 20 shopping centers – teve lucro líquido de R$ 234,044 milhões no primeiro trimestre deste ano, queda de 12,4% ante o mesmo período do ano passado, conforme balanço publicado na quinta-feira (24). Segundo a companhia, a queda no lucro foi influenciada pelo aumento de 64,5% nas despesas financeiras.

Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 400,615 milhões no período, alta de 2,5% na mesma base de comparação anual. Foi o maior resultado já registradopara um primeiro trimestre pelo terceiro ano consecutivo. A margem Ebitda foi a 76,2%, alta de 1,6 ponto porcentual.

balanço da Multiplan foi bem recebido pelo mercado de modo geral, mas abriu margem para diferentes visões em detalhes específicos. Citi, por exemplo, considerou os resultados positivos, mas com investimentos e despesas abaixo do esperado. Já XP Investimentos, BB e BTG Pactual reforçaram a capacidade da empresa de entregar bons números. Veja as análises na íntegra e os respectivos preços-alvo e recomendações.

Como o mercado reage ao resultado da Multiplan?

Citi

A Multiplan reportou resultados praticamente em linha com o esperado pelo Citi no primeiro trimestre. O banco destaca que a empresa reportou importante controle de despesas, com investimentos (capex) e despesas operacionais (opex) abaixo dos níveis esperados.

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Em relatório, o analista Andre Mazini destaca que o capex total foi de R$ 120,5 milhões no período e, considerando apenas a parte de revitalização, chegou a de R$ 25,7 milhões (5,5% do Ebitda). “Acreditamos que o mercado receberá bem essa redução após as preocupações com os níveis mais altos de 2024”, afirma.

O profissional observa que os investimentos substanciais realizados no ano passado estão gerando impactos positivos em todo o portfólio, especialmente no crescimento de 15% nas vendas do BarraShopping.

Embora ainda haja alguns esforços de reforma em shoppings selecionados, o analista espera que o nível de capex associado a esta linha seja substancialmente menor em 2025, visto que vários projetos estão quase concluídos.

O banco avalia que a revitalização parece estar impulsionando a melhora nas vendas – o BarraShopping, o maior shopping do portfólio, com R$ 3,5 bilhões em vendas no último trimestre de 2025, apresentou forte crescimento de vendas de 15% no trimestre. “Isso é positivo, considerando a maturidade do shopping”, afirma.

Outros shoppings, segundo o Citi, também estão apresentando bons resultados semelhantes após a forte revitalização, como o DiamondMall e o NY City Center. O Shopping Vila Olímpia, por outro lado, continua apresentando o pior desempenho do portfólio, com queda de 14% nas vendas em relação ao ano anterior.

A receita líquida permaneceu estável na comparação anual, em R$ 526 milhões, refletindo um trimestre mais difícil em termos de vendas (com comparações difíceis do feriado de Páscoa) e os níveis de reajuste do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) ainda defasados, que, por sua vez, devem ganhar impulso no futuro.

Ebitda de R$ 401 milhões (+2,5% em relação ao ano anterior), ficou 1% abaixo do esperado pelo Citi, resultando em uma margem Ebitda de 76,2%, 230 pontos-base acima da expectativa do banco. O fluxo de caixa proveniente das operações foi de R$ 278 milhões (-15% em relação ao ano anterior), veio 16% maior que o esperado pelo banco, devido a resultados financeiros acima do esperado.

O Citi tem recomendação de compra para as ações da Multiplan, com preço-alvo de R$ 31, o que representa um potencial de valorização de R$ 23,3% ante o último fechamento da ação da empresa.

XP

A XP considerou positivos os resultados do primeiro trimestre da Multiplan. Para a corretora, os números foram motivados por um desempenho operacional resiliente, perspectiva positiva de receita e despesas menores, levando a um declínio mais brando do que o esperado no fluxo de caixa.

“Embora não esperemos que a margem Ebitda do período seja sustentável no futuro, o portfólio dominante da Multiplan deve manter sólidos os indicadores operacionais e financeiros, mesmo em meio às condições macroeconômicas desafiadoras”, dizem os analistas Ygor Altero e Ruan Argenton. A dupla reitera a classificação de compra para as ações da empresa.

Segundo o relatório, na questão operacional, as vendas dos lojistas aumentaram 8%, ante o ano anterior, as vendas nas mesmas lojas foram de 6,2%, apesar dos efeitos de calendário que levaram a Páscoa para abril, diminuindo em 1,5% o desempenho de alimentos e levando os holofotes para eletrônicos e vestuário. A ocupação aumentou 60 pontos-base em relação a 2024, em linha com as estimativas.

A receita líquida manteve estabilidade em relação ao ano anterior, por conta de comparações fortes com outras receitas, mas compensada por maiores receitas de aluguel e serviços de gestão, que apresentou aumento de 5% na comparação anual, devido a alta do IGP-DI; serviços de gestão com aumento de 15%, com uma evolução do JundiaíShopping; e receitas de estacionamento com crescimento de 10% na comparação anual.

Por fim, uma redução de 33% das despesas levou a uma margem Ebitda de 94,1%, com expansão de 401 pontos-base. Superando assim as estimativas em 4,1 pontos porcentuais.

BB

O balanço da Multiplan no primeiro trimestre do ano foi considerado positivo pelo analista de shopping centers do BB, Felipe Mesquita, com destaque para a performance resiliente do portfólio da companhia, que contribuiu para a estabilização do seu endividamento.

Na parte operacional, o analista elogiou que os shoppings da Multiplan tiveram avanço de 7,9% nas vendas totais no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, atingindo R$ 5,5 bilhões. Assim, o custo de ocupação médio dos lojistas ficou em 14%, nível estável na comparação anual. O custo de ocupação também ficou no menor nível para um primeiro trimestre desde 2019, quando marcou 13,7%. A inadimplência líquida dos lojistas atingiu 0,8%, redução de 0,41 p.p. na comparação anual.

O analista apontou que as vendas das mesmas lojas (SSS) avançaram 6,2% na base anual, enquanto o aluguel das mesmas lojas (SSR) apresentou um crescimento real de 3,4%, ainda impactado por um período de IGP-DI negativo até abril de 2024. Na sua avaliação, isso sugere que o movimento de reajustes deve ocorrer de forma mais intensa nos próximos trimestres, uma vez que a janela de 12 meses do IGP-DI já acumula 8,57%, se descolando dos 5,48% registrados pelo IPCA no mesmo período.

Na parte financeira, a receita líquida atingiu R$ 525,7 milhões, leve crescimento de 0,4% na comparação anual, que havia contado com maior reconhecimento de receitas provenientes do projeto de incorporação Golden Lake, localizado em Porto Alegre. As despesas gerais e administrativas cresceram 7,7%, representando 9,5% da receita líquida no trimestre (alta de 0,7 p.p.), em função de ajustes do acordo coletivo anual e provisões para eventuais contingências trabalhistas.

Mesmo com um maior impacto das despesas, a Multiplan registrou um Ebitda de R$ 400,6 milhões no período, 2,5% maior na comparação anual, acompanhada de uma margem Ebitda de 76,2%, crescimento de 1,57 p.p, principalmente em função do encerramento do provisionamento de parcelas de remuneração baseada em ações aprovadas em exercícios anteriores. No entanto, o analista do BB lembrou que, em abril de 2025, a companhia aprovou um novo programa de remuneração baseado em ações, que deve ter maturação ao longo dos próximos três anos.

O lucro líquido somou R$ 234 milhões no trimestre, recuo de 12,4%, principalmente impactado por um expressivo crescimento das despesas financeiras na comparação anual, batendo em R$ 139,6 milhões, salto de 64,5%). Isso resultou do maior grau de endividamento resultante do movimento societário realizado em 2024, que consumiu caixa da companhia para viabilizar a aquisição da participação acionária ofertada por um investidor institucional, explicado em maior grau de detalhes aqui. Assim, a margem líquida chegou a 44,5%, queda de 6,5 p.p..

Mesquita citou que, também em razão desse movimento societário, a companhia apresentou uma elevação em sua dívida líquida, que atingiu R$ 4,23 bilhões, 107% acima do 1T24, mas 2,1% abaixo do trimestre final de 2024. O mesmo efeito foi percebido na relação dívida líquida sobre EBITDA da companhia, que atingiu 2,28x, alta de 0,96 p.p. ano contra ano.

“Como a companhia tem conseguido entregar uma geração de caixa consistente ao longo dos últimos trimestres, existe algum conforto em relação a rolagem de sua dívida de curto e médio prazo”, descreveu, no relatório.

“No entanto, vale comentar que mais de 95% da dívida da companhia está atrelada a uma taxa média de CDI +0,84% a.a., o que deve seguir pressionando seu resultado financeiro ao longo dos próximos trimestres, até que alguma combinação de redução da alavancagem e/ou melhora nas condições macroeconômicas aconteça”, ponderou.

Por ora, os analistas esperam que o custo médio do endividamento da companhia, que atingiu 14,81% ao ano, uma alta de 3,39 p.p, deve seguir crescendo até que o presente ciclo de aperto monetário vivenciado no país chegue ao fim.

O BB manteve a recomendação de compra das ações da Multiplan, com preço-alvo de R$ 31,20.

BTG

A Multiplan reportou resultados financeiros sólidos e acima do esperado no primeiro trimestre deste ano, superando as projeções do BTG Pactual.

A Ebitda ajustado, por exemplo, foi de R$ 391 milhões, 4% acima da expectativa do banco, impulsionado por menores custos de produtos vendidos, reversões de PDD e recuperação de encargos indevidos de fornecedores.

Os analistas do BTG ainda destacaram dados positivos nas vendas nas mesmas lojas, nos aluguéis nas mesmas lojas, na taxa de vacância e na taxa de inadimplência dos lojistas.

“No geral, os resultados da Multiplan no primeiro trimestre foram sólidos, com números operacionais robustos, com cortes expressivos de custos e impactos pontuais positivos nas despesas com PDD e nos resultados financeiros”, afirmaram os analistas Gustava Cambauva e Elvis Credendio, em relatório.

Para os analistas, embora o cenário macroeconômico seja desafiador, com altas taxas de juros pesando sobre os resultados, a Multiplan também ostenta um portfólio dominante de shoppings que tem superado consistentemente o setor em geral.

Por isso, a recomendação de compra para as ações da Multiplan (MULT3) foi mantida, com preço-alvo de R$ 25,15.