O fundo imobiliário BB Premium Malls (BBIG11) iniciou 2025 querendo mudanças. A gestão convocou seus cotistas para uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) com o objetivo de deliberar sobre mudanças em seu regulamento e transações que envolvem potenciais conflitos de interesse.
Por volta das 14h, porém, o fundo caía mais de 3%, cotado a R$ 7,23.
Entre as propostas, a que chama mais atenção do mercado é a que envolve a flexibilização dos requisitos para novas emissões de cotas abaixo do valor patrimonial, o que preocupa os cotistas, já que atualmente não é permitido pelo regulamento.
O BBIG11 possui hoje um valor patrimonial de R$ 979,2 milhões, o que corresponde a R$ 9,88 por cota. Desta forma, o fundo já está atualmente negociando 36,27% abaixo do valor patrimonial.
Para o analista de fundos imobiliários da Empiricus Research, Caio Araújo, essas mudanças, embora aumentem a flexibilidade do fundo para captar recursos e realizar ajustes estratégicos, podem impactar os investidores atuais.
Araújo explica que emissões abaixo do valor patrimonial podem causar diluição da rentabilidade e da participação dos cotistas no fundo.
Apesar de não ser algo comum no mercado de FIIs –justamente pelos possíveis prejuízos aos cotistas — a alta nos juros e a aversão ao risco não favorecem o mercado de fundos imobiliários e emissões mais baratas podem auxiliar na captação de recursos.
O analista avalia que o pedido de alteração pode não necessariamente representar uma emissão abaixo do valor patrimonial em um primeiro momento, mas os dão mais uma opção para captar dinheiro no mercado.
Além desta mudança, também está em pauta a autorização para contratação de empresas afiliadas à Iguatemi para administrar comercialmente e predialmente os shoppings onde o fundo é coproprietário. A medida visa aproveitar a expertise da Iguatemi na gestão de empreendimentos do setor, otimizando as operações e potencializando resultados.
Outra deliberação importante é sobre a opção de compra, pela Iguatemi ou suas afiliadas, de três shoppings atualmente no portfólio do fundo: Rio Sul, Pátio Paulista e Pátio Higienópolis. A proposta inclui ajustes nas condições dessa venda, como a inclusão de custos extras no valor final das transações.
A presença da Iguatemi como gestora e possível compradora pode representar um conflito de interesses, o que exige uma análise rigorosa para garantir condições vantajosas e alinhadas ao interesse dos investidores.
A consulta formal está aberta para manifestação eletrônica dos investidores até o dia 31 janeiro. A matéria depende de aprovação da maioria de votos dos cotistas presentes e que representem 25%, no mínimo, das cotas emitidas para o fundo.
O BB Asset foi consultado pelo Money Times para acrescentar mais detalhes à proposta de AGE, mas não havia respondido até a publicação desta matéria.
Conheça um pouco mais sobre o fundo novato
Com nem um ano desde a sua primeira emissão de cotas, o BBIG11 foi incluído na última mudança realizada no Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (IFIX), além de agora integrar dois importantes índices globais da FTSE Russell: o FTSE Global Equity Total Cap e o FTSE Global Equity Micro Cap, o que aumenta a visibilidade do fundo.
O FII é um fundo de tijolo em conjunto com o Iguatemi com ativos focados em shoppings centers para o público A e B. Possui mais de 27 mil cotistas e tem aumentado gradativamente a quantidade de investidores na bolsa.
Segundo o último relatório gerencial de dezembro, o fundo alcançou um novo marco na distribuição de dividendos, com R$0,099 por cota, representando um aumento de 10% em relação ao mês anterior. O resultado foi impulsionado pelo recebimento de R$ 6,622 milhões em receitas do Shopping RioSul.
A gestão também avalia que a estratégia de expansão avançou no último mês com o compromisso de aquisição de participações nos Shoppings Pátio Higienópolis (16,5%) e Pátio Paulista (16,7%), localizados em regiões estratégicas de São Paulo.