O Grupo Boticário deve registrar neste ano crescimento de volume bruto de mercadoria (GMV, na sigla em inglês) de 15% a 20% em relação a 2023, até R$ 36,9 bilhões. Esse indicador, utilizado no comércio eletrônico, é adotado pela companhia em razão das vendas de outras indústrias na plataforma Beleza na Web.
A estimativa ainda não considera as vendas da chamada Beauty Week, campanha promocional de novembro, e das vendas de Natal. Entre 2022 e 2023, o crescimento foi de 30,5%. Até 2028, a companhia espera atingir faturamento de R$ 50 bilhões.
O vice presidente de operações do grupo, Sérgio Sampaio, disse que o mercado de beleza cresceu em ritmo acelerado em 2024, criando uma base de comparação mais difícil. A expectativa é que a expansão em 2025 desacelere para uma faixa de 12% a 15%. “O consumo está bastante elevado no Brasil. Há liquidez de dinheiro, seja via incentivos do governo, e houve reajuste pela inflação do ano anterior enquanto a inflação deu uma freada, o que se refletiu em ganhos reais para quase todos.”
Sampaio pontuou, contudo, que o câmbio é um dos fatores de risco para os próximos trimestres. O executivo afirmou que os custos em dólar representam cerca de 30% do todo da indústria de beleza, especialmente na categoria de maquiagem. “Temos maior dependência de fornecedores externos em maquiagem, principalmente da Ásia, e menos nas categorias de perfumaria e cabelo”
Parte do crescimento esperado pelo Grupo Boticário virá da nova fábrica em Pouso Alegre (MG), que deve elevar a capacidade de produção da companhia em 50%. Com investimento inicial de R$ 1,8 bilhão, a unidade mineira vai fabricar todas as linhas do grupo, exceto maquiagem, que segue com produção exclusiva na matriz, em São José dos Pinhais (PR). O portfólio inclui cremes e loções e os chamados hidroalcoólicos – desodorantes e fragrâncias. Além de São José dos Pinhais (PR), a companhia opera uma fábrica em Camaçari (BA) e uma em São José do Rio Preto (SP), adquirida como parte dos ativos da marca profissional de cabelos Truss.
Com a inauguração da unidade de Pouso Alegre (MG), que deve ocorrer até 2028, a companhia deverá produzir meio bilhão de itens anualmente. O diretor industrial do grupo, Leandro Balena, disse que a unidade terá de 24 a 26 linhas de produção, ficando entre as maiores fábricas de cosméticos do mundo.
A escolha por Pouso Alegre passou por um “processo robusto” dentre dez cidades previamente selecionadas. “Consideramos fatores como disponibilidade de mão-de-obra e estrutura. Pouso Alegre está ao lado de uma grande rodovia, por exemplo”, disse o executivo, em evento comemorativo aos dez anos da fábrica de Camaçari (BA), no último dia 6.
A nova fábrica também estará a cerca de 130 quilômetros do centro de distribuição de Varginha (MG). Balena destaca, porém, que a relação entre fábricas e o centro de distribuição não é meramente regional. O centro de distribuição de São Gonçalo do Campo (BA), por exemplo, não atua exclusivamente com a produção de Camaçari, atendendo também a logísticas de outras fábricas do grupo.