O destaque da sessão desta quarta-feira é a apresentação dos números de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos. O dado, a ser divulgado pela manhã, poderá influenciar as apostas para a última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), em dezembro, em que o mercado aponta chances de 62% de nova queda de 0,25 ponto percentual, contra 38% de manutenção dos juros.
No entanto, o que segue influenciando os mercados é o “Trump trade”, que provocou ontem nova rodada de alta dos rendimentos dos Treasuries e o fortalecimento global do dólar, diante da percepção de que a política mais protecionista de Donald Trump deverá criar efeitos inflacionários maiores na economia americana. Hoje, porém, a taxa da T-note de 10 anos opera em leve baixa.
Assim, os fatores externos podem alterar a rota dos ativos domésticos, que continuam pressionados por eventos locais. A espera pelo pacote de corte de gastos ainda gera incertezas entre os agentes financeiros, em um momento que o mercado vê chance de aceleração do ciclo de alta da Selic pelo Banco Central, ainda mais após a autoridade monetária demonstrar preocupação com o risco fiscal no Brasil, conforme a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Vale destacar que o BC anunciou que fará hoje leilões de linha de até US$ 4 bilhões, que envolvem a venda de dólares com o compromisso de recompra. Segundo profissionais consultados pelo Valor, o leilão de linha acaba tendo mais impacto sobre o cupom cambial do que sobre o nível da moeda em si, embora, ao gerar pressão baixista no cupom, melhora o ‘carrego’, podendo gerar algum efeito indireto de apreciação na moeda.
Ainda hoje, ministros de várias áreas devem se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para debater o pacote de contenção de despesas. O grande impasse é a mudança na lei de reajuste do salário mínimo, que está sendo avaliada por Lula nos últimos dias. Além disso, o Ministério da Defesa poderá ser incluído entre os cortes de gastos, segundo apurou o Valor, e técnicos da Fazenda devem se reunir com o ministro da pasta, José Múcio Monteiro. Na segunda-feira, o chefe da equipe econômica, Fernando Haddad, disse que as negociações deveriam ser encerradas nesta quarta-feira.