Veículo: Valor Econômico
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Data: 04/11/2024

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Selic teria de subir a 15% para a inflação convergir para a meta, diz XP Asset

Para que a inflação convirja para a meta de 3% dentro do horizonte relevante da política monetária, o Banco Central teria de aumentar a taxa Selic para, pelo menos, 15% no atual ciclo de aperto monetário, observa o economista-chefe da XP Asset Management, Fernando Genta, cuja projeção oficial aponta para um juro básico bem menor que esse nível, em torno de 13% em meados do próximo ano.

Na visão de Genta, o ciclo de aperto teria de compensar não só a política fiscal expansionista, como também o efeito do último ciclo de queda dos juros, que levou a taxa Selic de um pico de 13,75% para 10,5% entre agosto de 2023 e maio deste ano.

Não acho que esses 15% são exagerados. O problema é o quanto de desinflação a gente tem que colocar numa economia que está crescendo acima do seu potencial”, diz o economista, que já foi secretário adjunto no Ministério da Economia. Para ele, o BC vai optar por uma convergência mais longa da inflação à meta, com um ciclo de aperto mais contido.

No cenário-base da XP Asset, a Selic deve subir para 13% até a primeira metade de 2025, em um ritmo de elevação de 0,5 ponto percentual — a começar pela reunião do próximo dia 6. “Quando eu olho o atual conjunto de informações, acho que ele deveria fazer ainda mais rápido, mas as sinalizações dos diretores não vão nessa direção”, afirma o economista, para quem o BC deve manter os juros nos níveis mais altos desse ciclo até o fim do ano que vem.

Na avaliação de Genta, mesmo com uma política monetária mais restritiva dentro das projeções do relatório Focus, as estimativas de inflação do BC devem apresentar nova deterioração quando forem apresentadas na próxima semana.

Em um ambiente de “dinâmica de atividade forte no Brasil, expectativas desaconradas e inflação corrente acima da meta”, o Copom tem os ingredientes necessários para acelerar o ritmo da alta de juros, diz Genta. Isso não significa, porém, que a comunicação deve adotar um tom mais duro que indique o ritmo de 0,5 ponto como padrão daqui em diante.

“Uma vez que o presidente do BC (Roberto Campos Neto) insiste em dizer que há excesso de prêmio [nos ativos], me surpreenderia alguma coisa no comunicado que sinalizasse uma aceleração”, diz Genta. Para ele, são “confusas” as observações recentes de Campos Neto sobre a possibilidade de algum exagero no prêmio de risco fiscal precificado pelo mercado.

“O hiato do produto [medida de ociosidade da economia] foi substancialmente revisado para cima. O BC apontou a política fiscal, o mercado de crédito e o mercado de trabalho — que derivam do expansionismo fiscal — como as principais causas. Se o BC realizou essa mudança abrupta por causa do fiscal, tenho muita dificuldade em entender o presidente do BC falando que o mercado está exagerando o prêmio de risco”, enfatiza o economista da XP Asset.