O Banco Safra anunciou novos preços-alvo e estimativas para as ações do setor de e-commerce para 2025, após incorporar os resultados recentes das empresas e novas premissas macroeconômicas, com a maior mudança sendo o aumento nas taxas de juros.
O Safra manteve a ação do mercado Livre (MELI) como a melhor escolha no setor, justificando que a empresa continua a entregar um desempenho excelente, com uma combinação de crescimento rápido, ganhos de eficiência e geração de caixa. O preço-alvo para compra da ação foi elevado de R$ 2.130 para R$ 2.603.
Quanto às ações do Magazine Luiza (MGLU) e Casas Bahia (BHIA), o Safra manteve as recomendações inalteradas, mas um cenário macro mais difícil do que o esperado e o foco das empresas em eletrônicos e eletrodomésticos (maior ticket médio e dependência da oferta de crédito) levou o banco a uma postura mais conservadora em relação ao desempenho operacional e, consequentemente, reduziu nossas estimativas para o lucro líquido (ou aumentou nossa estimativa de prejuízo líquido no caso da BHIA) e também nossos preços-alvo (22% para MGLU e 29% para BHIA).
Para Magalu, o preço-alvo de compra foi reduzido de R$18,5 por ação para R$14,4/ação para compra. Para Casas Bahia, a recomendação é neutra e o preço-alvo caiu de R$ 7 para R$5.
O Safra destaca que é considerável o potencial de crescimento para MGLU (48%) e limitado (12%) o potencial de crescimento para BHIA, o que levou o banco a manter nossas recomendações inalteradas.
Em qualquer caso, o banco acredita que o ciclo de aperto monetário poderia limitar o desempenho do setor.
Mercado Livre é a preferida do Safra no comércio eletrônico
O Safra dobrou a aposta na ação do mercado Livre (MELI), considerada a primeira escolha no setor de comércio eletrônico.
Após a recuperação de 18% desde a última atualização, os especialistas do Safra continuam otimistas sobre os impulsionadores do crescimento da ação e seu impacto positivo nas margens nos próximos trimestres.
O MELI ainda é uma das chamadas preferidas (não apenas no subsegmento de e-commerce) pois combina os seguintes fatores:
- (i) crescimento, já que a empresa é líder em um mercado em rápido crescimento com alto nível de investimento em tecnologia e cadeia de suprimentos;
- (ii) maior rentabilidade (+330bps a/a margem líquida no 2T24 e +175bps vs. nossa estimativa); e
- (iii) geração de fluxo de caixa (redução da dívida líquida de ~1,2 bilhão de dólares dos 2T23 para o 2T24, com uma sólida relação entre dívida líquida e EBITDA de 0,3x).
Segundo a análise do Safra, é importante ter em mente que alguma volatilidade da margem de EBIT pode ocorrer em alguns
trimestres com a abertura de novos centros de atendimento, o que é fundamental para sustentar o excelente ritmo de crescimento da empresa (>30% a/a últimos 12 meses).
Por último, em termos de valuation, o Safra vê o MELI operando a um EV/EBITDA de 2025 de 23,1x, que representa um desconto vs. sua média histórica de 27x. No preço-alvo da ação, o EV/EBITDA implícito é de 23x.
E-commerce e geração de caixa
O Safra destaca que a Magalu tem mantido sua geração de caixa, apesar do cenário macro deteriorado (subidas de juros), o que significa uma continuidade de uma abordagem mais diligente, equilibrando crescimento e rentabilidade.
No segundo trimestre de 2024, a Magalu registrou um fluxo de caixa operacional dos últimos 12 meses após capex de R$ 726 milhões, enquanto a Casas Bahia apresentou uma impressão negativa de R$ 0,7 bilhões, que foi positiva até o primeiro trimestre do ano.
Em termos de valuation, o Safra estima que a negociação da MGLU em 3,6x 2025 EV/EBITDA vs. sua média histórica de 12x, e a negociação da BHIA em 2025 EV/EBITDA de 5x em comparação com sua média histórica de dois anos de 15x e a atual de 5x.
No entanto, além do pior desempenho de fluxo de caixa, o Safra vê a BHIA com um retorno do capital investido (ROIC) de 1%, bem abaixo da de seus pares (vs. 6% da MGLU e 68% da MELI), portanto, a recomendação do banco é neutra para a ação.
Percepção de riscos:
- (i) macro, que afeta diretamente a demanda e as vendas de e-commerce e as taxas de inadimplência da fintech;
- (ii) execução (ganhos de margem);
- (iii) concorrência (players internacionais que geralmente são agressivos em preços); e
- (iv) exposição da MELI à Argentina.