Magalu Cloud e Globo firmaram parceria para serviços de computação na nuvem
Por Bianca Guilherme, Valor — São Paulo
12/12/2025 20h27 Atualizado há um dia
Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza — Foto: Julio Bittencourt/Valor
A computação em nuvem deixou de ser apenas uma necessidade para as empresas, tornando-se um tema de soberania nacional, disse o executivo-chefe (CEO) do Magazine Luiza, Frederico Trajano, a jornalistas, durante o Cloud Futures — evento do Magalu realizado nesta sexta-feira (12), no escritório da empresa, em São Paulo. O executivo afirmou que as companhias brasileiras públicas e privadas já começam a considerar provedores nacionais como forma de proteger dados sensíveis e reduzir riscos ligados a decisões externas.
“Tivemos a questão das tarifas, que já gerou um desequilíbrio no mundo todo. Imagina quando a discussão do Trump não for tarifa, e sim dados”, disse Trajano. “Ele [Trump] tem poderes legais para exigir bloqueio, limitação de serviço de dados ou restrições de transferência para os Estados Unidos.”
Segundo o executivo, esse cenário abre espaço para a Magalu Cloud — o serviço de nuvem da companhia. “Há uma oportunidade para o Magalu se posicionar em segmentos ligados a dados sensíveis, nos quais a soberania é relevante. Isso pode nos dar uma participação de mercado importante e uma preferência entre os players nacionais, públicos ou não”, afirmou.
O executivo destacou ainda que o avanço da inteligência artificial deve aumentar de forma exponencial o mercado de nuvem. Embora o Brasil tenha vantagens competitivas, como energia limpa, ainda há desafios. “Não basta construir ‘data center’ aqui. O que está dentro desses prédios também tem que ter tecnologia nacional”, disse.
O governo tenta reduzir os gargalos da infraestrutura digital do país com novas políticas públicas. Em outubro, foi assinada a Medida Provisória que cria o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata), que diminui tributos como IPI, PIS Cofins e Imposto de Importação para equipamentos sem similar nacional.
Outra iniciativa foi a aprovação do Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportações para a instalação de cinco “data centers” na ZPE de Pecém, no Ceará. O investimento, estimado em R$ 571 bilhões pela Casa dos Ventos, será utilizado pela Bytedance, dona do TikTok. Criada em 2023, a Magalu Cloud conta hoje com cinco “data centers” distribuídos em duas regiões.
No Sudeste, são três unidades; no Nordeste, duas, e há planos de expansão para adicionar uma terceira. A plataforma reúne mil empresas brasileiras e, até agora, seu foco estava nas pequenas e médias companhias. Agora, contudo, a empresa começa a buscar projetos de maior porte.
Nesta sexta-feira, a Magalu Cloud anunciou uma parceria com a Globo Technologies. A colaboração integra a Magalu Cloud à rede de distribuição de conteúdo (CDN) da Globo, enquanto a emissora passa a usar a plataforma de nuvem do grupo. A CDN da Globo possui mais de 300 pontos de presença no país.
“Essa parceria é muito importante porque somos empresas brasileiras feitas por brasileiros para brasileiros. A gente consegue fazer as integrações de forma muito rápida. É uma vantagem competitiva”, disse Maurício Felix, diretor das Plataformas Core de Tecnologia e Segurança da Informação da Globo.
A Magalu Cloud anunciou também sua primeira aquisição: a Movestax — plataforma que acelera a criação de aplicativos com automação e inteligência artificial. Segundo a empresa, a tecnologia oferece alta velocidade, foco na experiência do desenvolvedor e automação nativa integrada, permitindo que empresas construam e publiquem aplicações diretamente na Magalu Cloud com menos fricção.
“Estamos entregando ao Brasil uma nuvem soberana e de classe mundial”, afirmou Kiko Reis, diretor de tecnologia da Magalu Cloud.