Segundo os promotores, os empresários criaram negócios de fachada para simular operações interestaduais e suprimir o pagamento de ICMS próprio e do ICMS devido por substituição tributária devido ao Estado de Minas Gerais
Por Adriana Mattos, Valor — São Paulo
04/12/2025 16h09 Atualizado agora
A família Coelho Diniz, maior acionista do GPA, se manifestou sobre a recente operação que investiga um suposto esquema de fraude fiscal em que varejistas e atacadistas simulariam notas fiscais frias de produtos com empresas fictícias ou de fachadas com a alíquota reduzida. O intuito seria sonegar impostos.
Na investigação do Ministério Público de Minas Gerais, chamada Operação Ambiente 186, deflagrada na terça-feira (2), os empresários André Luiz Coelho Leite, Fábio Coelho Diniz, sócios administradores do Grupo Coelho Diniz, são investigados por supostamente estarem envolvidos diretamente nos pagamentos às empresas de fachada.
Além deles, Gustavo Coelho Diniz, diretor de uma das empresas da família, a HAF Distribuidor, também está sendo investigado, por operacionalizar um sistema que permitia a fraude de ICMS entre Estados.
O MP informou que localizou planilhas na HAF Distribuidor, empresa da família, com o nome de “faturamentos especiais”. As tabelas se referiam, supostamente, a valores menores pagos de ICMS.
Áudios comprovariam, na visão dos promotores, a intenção de Gustavo de usar a manobra em dois Estados, Goiás e Espírito Santo, pelo menos, para reduzir o ICMS devido.
A HAF tem cinco membros da família como sócios — André, Alex, Helton, Henrique e Fábio Coelho Diniz.
Em nota, a família afirma que a HAF Distribuidor ainda não teve acesso às informações da operação que resultou nas medidas cautelares patrimoniais e de busca e apreensão realizadas nesta semana.
“De qualquer forma, afirma a inexistência de autuação fiscal e respectivo lançamento de crédito tributário”, disse.
“Tão logo tenha acesso aos autos, a HAF Distribuidor prestará todos os esclarecimentos porventura necessários à demonstração da regularidade das suas operações.
A nota não menciona posicionamentos específicos de André, Fábio ou Gustavo.
Segundo os promotores, os empresários criaram negócios de fachada para simular operações interestaduais e suprimir o pagamento de ICMS próprio e do ICMS devido por substituição tributária devido ao Estado de Minas Gerais.
A família ainda diz que os Supermercados Coelho Diniz não são alvo da investigação, assim como não são alvo os investimentos da família Coelho Diniz no Grupo Pão de Açucar, mas estão no foco das investigações três membros da família.
Outro alvo da investigação é Marcos Valério Fernandes de Souza, conhecido por sua condenação no esquema do Mensalão. Ele seria um dos membros do núcleo executivo da organização criminosa, com posição hierárquica superior em relação aos demais investigados do esquema. Há 22 nomes informados como investigados pela Promotoria
Em outubro, após compras de ações da rede na bolsa, os Coelho Diniz, liderados por André, se tornaram os maiores sócios do GPA, com 24,6% dos papéis, superando a posição dos franceses do Casino. André, inclusive, está diretamente na gestão da empresa nos últimos meses, desde que ele, apoiado pelos demais sócios, apurou o Valor, bateu o martelo em outubro pela saída do CEO Marcelo Pimentel. A empresa ainda está sem CEO.
O GPA, neste momento, está focado em tentar resolver contigências fiscais de mais de R$ 15 bilhões junto à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), segundo disse o grupo a analistas em novembro.
— Foto: Silvia Costanti/Valor