/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/n/G/Zb7gQqSQuVhCxBXhAP3Q/village-mall-barra-eduardo-diniz.jpg)
Impulsionados pelo aquecimento do mercado e pela chegada de novas marcas internacionais ao país, os shoppings de luxo vivem um momento de expansão no Brasil, com serviços ainda mais personalizados, experiências exclusivas e um mix de lojas cada vez mais sofisticado. A estratégia passa por personalização, relacionamento, curadoria e ampliação do portfólio para áreas como saúde, bem-estar, gastronomia, cultura e esportes, além da moda e da beleza.
Levantamento da Bain & Company mostra que o setor de luxo movimentou R$ 98 bilhões em 2024, e a projeção da consultoria é de que alcance R$ 150 bilhões até 2030. Nesse novo modelo de negócio, o conceito de “ancoragem” também muda.
Se nos shoppings tradicionais as âncoras são grandes operações que atraem fluxo pelo tamanho e volume de vendas (como supermercados, cinemas e redes de departamento), nos empreendimentos de luxo a força está no prestígio e na influência de marcas globais, que elevam o posicionamento do shopping, atraem consumidores de alta renda e estimulam a ocupação qualificada do entorno.
Para Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, há uma nova geração de serviços premium nos shoppings: não mais de lavanderias, lotéricas ou consertos rápidos, mas de serviços ligados ao bem-estar, saúde e autocuidado, como academias de alto padrão, clínicas médicas especializadas, spas e serviços de estética. Outro fator, segundo ele, é que a gastronomia, especialmente a alta gastronomia, se consolidou como uma das principais âncoras do varejo, inclusive nos empreendimentos de luxo:
— É importante lembrar que, no Brasil, apenas 35% do orçamento das famílias é gasto com alimentação fora do lar. Mas, quando observamos as famílias de alta renda, esse percentual é maior. São pessoas que fazem refeições fora não apenas para lazer com a família, mas também para negócios.
- Veja ambientes: Mostra de arquitetura e design chega a shopping da Barra com espaços inspirados na natureza
Executivos afirmam que o movimento representa um estágio mais avançado do setor, em que o varejo continua central, mas passa a ser apoiado por relacionamento, fidelização e permanência, numa tentativa de estreitar laços e aumentar a recorrência.
Segundo Marcelo Martins, vice-presidente de Operações da Multiplan, o avanço do setor é impulsionado tanto pelo aumento do consumo da alta renda quanto pelo interesse crescente de marcas internacionais em expandir no Brasil, especialmente em grandes centros urbanos. Ele afirma que o grupo é procurado com frequência por grifes interessadas em inaugurar lojas.
Hermès
Dois empreendimentos da rede ilustram esse movimento. O VillageMall, referência nacional no segmento, cresceu 9,3% em vendas no terceiro trimestre de 2025 e anunciou a chegada da Hermès, além da inauguração da italiana Golden Goose neste ano. Em Belo Horizonte, o DiamondMall concluiu em 2024 a expansão que criou um quarto piso dedicado ao mercado de luxo, elevando as vendas em 29,1%. Entre as novas marcas estão Carolina Herrera, Dolce & Gabbana, Tory Burch e a linha de cosméticos Chanel.
Martin Gutierrez, Senior Partner & Head da MCF Consultoria, acrescenta que o interesse das marcas no Brasil é estimulado pela competição entre shoppings:
— Há um olhar de marcas de luxo para o país, mas o meu entendimento é que essas marcas são estimuladas por grandes shopping centers. Se houvesse zero interesse, ninguém viria, mas elas estão sendo estimuladas pela briga entre os shoppings centers. Como é uma base de clientes pequena, esse é um mercado de “rouba monte”.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/q/j/XoKQYyRkyB2jFmnthmoQ/cidade-jardim-combina-luxo-divulgacao.jpg)
Ele disse ainda que, no mercado de luxo, as marcas “andam em bando”, ou seja, o interesse em estar em determinado shopping depende de um ambiente complementar capaz de atrair um fluxo qualificado e alimentar um ecossistema entre elas.