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Data: 13/11/2025

Editoria: Americanas, L-Founders
Assuntos:

Americanas tem queda nas vendas e vê lucro desabar 96% no 3º trimestre

No fim de setembro de 2025, a Americanas registrava uma receita líquida de R$ 2,7 bilhões, o que correspondeu a uma queda anual de 1%

13/11/2025 10:47, atualizado 13/11/2025 10:56

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Igor Estrela/Metrópoles
Imagem colorida da fachada das Lojas Americanas - Metrópoles

Americanas, um dos gigantes do varejo brasileiro, registrou uma expressiva queda em seu lucro líquido no terceiro trimestre de 2025, de acordo com dados divulgados pela companhia na noite dessa quarta-feira (12/11).

Segundo o balanço financeiro da Americanas, o lucro líquido no período entre julho e setembro deste ano somou R$ 367 milhões. O resultado representou um tombo de 96,4% em relação ao terceiro trimestre de 2024.

De acordo com a varejista, a forte queda no lucro é reflexo da ausência dos ganhos contábeis não recorrentes observados no terceiro trimestre do ano passado, quando a Americanas teve efeitos extraordinários ligados a dívidas de fornecedores e à recuperação judicial.

Apesar da queda no lucro, a Americanas reportou um Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 561 milhões no período, uma alta anual de 152,7%, o que indica melhora operacional.

No fim de setembro de 2025, a companhia registrava uma receita líquida de R$ 2,7 bilhões, o que correspondeu a uma queda anual de 1%.

Vendas e lojas

O volume total de vendas na plataforma digital da Americanas somou R$ 167 milhões no terceiro trimestre, com queda de 74,6% em relação ao mesmo período o ano passado.

Por outro lado, as vendas físicas ficaram praticamente estáveis, em R$ 3,4 bilhões. No resultado consolidado, o volume bruto de mercadorias vendidas (GMV, na sigla em inglês) recuou 11,6%, para R$ 3,7 bilhões.

Ainda segundo o balanço da Americanas, as vendas no conceito de mesmas lojas (“same store sales”, que mostra o quanto as vendas aumentaram ou diminuíram em lojas comparáveis de uma empresa) tiveram crescimento de 6,5% no terceiro trimestre.

A Americanas informou ainda que encerrou as operações de 55 unidades, das quais 33 convencionais e 22 do modelo “express”, o que representou uma queda de 2,6% da área de vendas em relação ao mesmo período do ano passado.

O que diz a Americanas

Na mensagem que acompanha o balanço da Americanas, a administração da empresa afirma que o terceiro trimestre de 2025 marcou o início de uma nova etapa da companhia, após o processo de reestruturação nos últimos dois anos.

A Americanas diz ter ampliado parcerias com fornecedores e acelerado sua oferta de serviços financeiros, o que teve influência direta sobre o crescimento das vendas nas mesmas lojas e da plataforma financeira nos primeiros nove meses de 2025.

“Estamos em outro nível de maturidade com os nossos parceiros estratégicos e de excelência operacional, o que traz ganhos de receita e produtividade”, afirmou o CEO da Americanas, Fernando Soares.

Americanas anunciou recentemente o reforço de seus estoques e equipe, com cerca de 5 mil funcionários temporários atuando nos oito centros de distribuição e nas 1,5 mil lojas físicas espalhadas pelo país.

“A Americanas entra em um novo capítulo da sua história quase centenária, saindo da fase de reestruturação e focando em crescimento e transformação, com energia renovada, maior conexão com os nossos clientes e olhando para novas oportunidades e alavancas de crescimento”, completou Soares.

Escândalo na Americanas em 2023

No dia 11 de janeiro de 2023, a Americanas informou ao mercado que havia detectado “inconsistências contábeis” em seus balanços corporativos. Até então, o rombo era estimado em cerca de R$ 20 bilhões. Era o início do desmoronamento de uma das companhias mais tradicionais do país.

O episódio, hoje apontado como o maior escândalo corporativo da história do Brasil, deflagrou uma série de acontecimentos que levaram a Americanas à lona. Mais de 2 anos depois, a varejista ainda está longe de uma recuperação total.

Em abril de 2025, o MPF denunciou 13 ex-executivos e ex-funcionários da Americanas por supostas fraudes na companhia, cujo prejuízo é estimado em cerca de R$ 25 bilhões. A decisão foi tomada após a Polícia Federal (PF) indiciar os envolvidos.

Entre os denunciados pelo MPF, estão o ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez, além de Anna Saicali (ex-CEO da B2W) e dos ex-vice-presidentes Thimoteo Barros e Marcio Cruz.

Também fazem parte da lista os ex-diretores Carlos Padilha, João Guerra, Murilo Correa, Maria Christina Nascimento, Fabien Picavet, Raoni Fabiano, Luiz Augusto Saraiva Henriques, Jean Pierre Lessa e Santos Ferreira e Anna Christina da Silva Sotero.

Todos eles foram denunciados pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica e manipulação de mercado. Nove pessoas também foram denunciadas por informação privilegiada.

Os três acionistas de referência da empresa – além de Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – não foram denunciados.