Uma operação contra lavagem de dinheiro do PCC foi deflagrada hoje em São Paulo, Guarulhos e Santo André pelo Gaeco do MP-SP e pela Polícia Civil de São Paulo. Um dos alvos de busca e apreensão é Natalia Stefani Vitória, viúva de Cláudio de Marcos de Almeida, o Django, integrante de facção morto em 2022.
O que aconteceu
São cumpridos seis mandados de busca e apreensão, sendo quatro deles em lojas da franquia Criamigos, que vende pelúcias personalizadas para crianças. Além disso, a Justiça acatou o pedido feito pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado para bloquear bens e valores no montante de R$ 4,3 milhões dos alvos
Os alvos da operação são ligados a Claudio Marcos de Almeida, vulgo “Django”. Segundo o Ministério Público de São Paulo, ele era “participante ativo e de destaque do comércio de drogas em larga escala, além de armamento pesado para o Primeiro Comando da Capital”. Ele foi assassinado em janeiro de 2022, no âmbito de disputas internas da organização criminosa.
Mesmo sem ocupação declarada, a viúva de Django e a irmã dele, Priscila Carolina Rodriguez, abriram quatro lojas de pelúcias da rede de franquias A abertura das lojas foi feita com “vultuosos investimentos”, o que levantou a suspeita do Gaeco.
As lojas alvos de mandados de busca e apreensão ficam dentro de dois shoppings da capital, um de Guarulhos e outro de Santo André. Os shoppings, que não têm qualquer conexão direta com a investigação, são o Mooca Plaza Shopping; Shopping Center Norte; Shopping ABC e Internacional Shopping Guarulhos.
Suspeita do MP é de que as elas fossem usadas para lavar dinheiro do crime organizado. O UOL buscou a Criamigos e aguarda retorno sobre o assunto. Natália e Priscila também foram procuradas por e-mail, mas não deram retorno sobre o assunto até o momento.
Os shoppings, que não têm ligação direta com a investigação, afirmaram que colaboram com as autoridades. Em nota, o Mooca Plaza afirmou que está à disposição para mais informações e o Center Norte afirmou que repudia práticas irregulares. O Shopping ABC e o International Shopping Guarulhos foram procurados, mas ainda não se posicionaram sobre o assunto.
Quem é Django, líder do PCC morto em 2022
Claudio Marcos de Almeida era “um dos homens fortes do PCC nas ruas”, segundo delação de Vinícius Gritzbach. O delator, morto no aeroporto de Guarulhos em 2023, mencionou o traficante em uma das suas conversas com a polícia, afirmando que vendeu para ele dois imóveis em regiões de praia.
Django era um dos maiores acionistas da empresa de ônibus UPBus, que sofreu intervenção da prefeitura de São Paulo por ligação com o PCC. Segundo investigação do Denarc, o traficante investiu R$ 1.236.000,00 em ações da empresa, que começou com capital de R$ 1 milhão e passou para R$ 20 milhões.
A suspeita é de que ele não tenha agido para impedir a morte de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta. Ele era um dos maiores fornecedores de armas e drogas para o PCC e foi assassinado em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé. A falta de ação de Django foi o que teria motivado o assassinato dele, menos de um mês depois, após decisão do Tribunal do Crime da facção.
Django foi morto no tribunal do crime do PCC e deixado sob um viaduto na Vila Matilde em janeiro de 2022. Ele foi enforcado antes de ser deixado no local, segundo investigações da polícia.
O UOL tentou contato por email com Natalia Stefani Vitória. Em caso de manifestação, o texto será atualizado