A Defensoria Pública de São Paulo entrou hoje com uma ação de indenização por danos morais a um jovem vítima de racismo no Shopping Pátio Higienópolis, na região central da capital paulista.
O que aconteceu
A Defensoria Pública pede uma indenização de R$ 759 mil ao jovem como forma de reparação pelo sofrimento causado. Na ação, destaca que o caso não é isolado, apontando que o mesmo shopping já esteve envolvido em outros episódios de racismo. Na época, a Defensoria fez recomendações para combater essas práticas, mas elas foram recusadas
Ação pede que o shopping e a empresa terceirizada envolvidas ofereçam acompanhamento médico e psicológico gratuito, com profissionais capacitados em questões raciais, pelo tempo que for necessário. Além disso, pede uma bolsa permanente para garantir a continuidade dos estudos do adolescente, com alimentação, transporte, reforço escolar e apoio em atividades esportivas.
É exigido também um pedido formal de desculpas, publicado no Diário Oficial do Estado e em um jornal de grande circulação. A Defensoria destaca que o objetivo da ação é não só reparar o dano sofrido, mas também destacar a importância de combater o racismo em todos os espaços, assegurando respeito, dignidade e igualdade de oportunidades para todas as crianças e adolescentes.
“Os reflexos do racismo na vida e saúde da população preta são profundos e, muitas das vezes, insuperáveis”, destacou a Defensoria. “Estar exposto sistematicamente a situações de segregação e degradação, a exemplo de ser acusado de estar importunando uma colega, somente pela sua cor de pele, pode ocasionar severos danos psicológicos e emocionais, em especial quando a vítima é criança ou adolescente”, apontaram as Defensoras Públicas Gabriele Estábile Bezerra e Ligia Mafei Guidi e os Defensores Vinicius Conceição Silva Silva e Gustavo Samuel da Silva Santos, que atuam no caso.
O UOL tentou contato com o Shopping Pátio Paulista, mas até o momento não teve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.
Relembre o caso
Episódio aconteceu em 16 de abril, quando uma segurança do shopping se aproximou de uma adolescente branca para perguntar se ela estaria sendo incomodada. Caso ocorreu na praça de alimentação, quando ela estava acompanhada por um colega negro. Uma outra colega negra também estava no local.
Os três adolescentes estudam no colégio Equipe, que fica próximo ao shopping. Eles haviam participado de uma aula extra sobre letramento racial e condutas antirracistas horas antes na escola.
Segurança insistiu na abordagem e disse que estudantes negros estariam pedindo dinheiro. “Ela abordou a menina branca dizendo que a minha filha e o colega dela poderiam ser retirados, porque estariam pedindo dinheiro ali. Mesmo ela dizendo que eram colegas, a segurança insistiu, dando início a uma confusão. Eles [adolescentes negros] choraram muito”, disse a analista de sistemas Leni Pires das Merces, 49, mãe da adolescente negra.