Veículo: O Globo
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Data: 16/09/2025

Editoria: Casas Bahia, L-Founders
Assuntos:

Em meio à reestruturação financeira e troca de controle, Casas Bahia entra no ramo de consórcios

Por 

João Sorima Neto

 — São Paulo

16/09/2025 11h14  Atualizado agora

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Em meio a um processo de reestruturação financeira e troca de controle, a Casas Bahia, tradicional marca no varejo, anuncia sua entrada no setor de consórcios. Com o slogan “Dedicação total ao seu sonho”, a varejista vai oferecer cartas de crédito que variam de R$ 6 mil a R$ 500 mil. Os clientes poderão usá-las para compra de imóveis, veículos, viagens, serviços e também aquisições nas próprias lojas da rede.

A Casas Bahia informa que o novo produto é mais uma alternativa de crédito em meio a um cenário macroeconômico desafiador para financiamentos a longo prazo devido aos juros altos. Ele vai funcionar como os demais consórcios do mercado: tem sorteios mensais, possibilidade de lances para antecipar a carta de crédito. O produto dispensa a análise de crédito ou comprovação de histórico financeiro, tornando-o acessível a mais pessoas, diz a varejista.

— Cada vez mais o varejo incluirá serviços, em especial financeiros, em sua oferta potencializando sua relação com seus clientes e, principalmente, melhorando rentabilidade de suas operações — diz Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, consultoria especializada em varejo.

O setor de consórcios tem sido bastante procurado pelos brasileiros com o crédito escasso e caro. Em julho, o total de consorciados ativos chegou a 12,04 milhões, um número histórico, que representa crescimento de 12,5% sobre os 10,70 milhões registrados no mesmo mês do ano passado. Veículos, motos e imóveis lideram a procura, segundo a Associação Brasileira de Administradores de Consórcios (Abac).

“Esse lançamento nasce para ampliar a oferta de crédito da companhia, atendendo diferentes perfis de clientes e consolidando a companhia como um hub de soluções financeiras integrado ao varejo”, afirmou em nota Vital Leite, CEO do banQi, que é a conta digital das Casas Bahia. Com a entrada no ramo de consórcios, a tradicional marca varejista reforça sua atuação em serviços financeiros integrados ao varejo.

Processo de reestruturação

 

A Casas Bahia passa por um profundo processo de reestruturação desde 2023 após prejuízos consecutivos. Em agosto passado, a gestora Mapa Capital assumiu o controle da rede, convertendo R$ 1,6 bilhão de dívida em ações e ficando com 85% da empresa. A mudança no controlador inicia nova fase para recuperar finanças e ampliar competitividade no setor. A entrada no setor de consórcios já acontece sob a nova gestão.

O CEO da empresa, Renato Franklin, foi mantido pelos novos controladores. Na visão da Mapa Capital, o grande problema da varejista é sua dívida elevada, que estava em cerca de R$ 4 bilhões antes da operação de conversão de debêntures em ações. No segundo trimestre do ano, o prejuízo foi de R$ 555 milhões, revertendo lucro de R$ 37 milhões um ano antes.

Para Andréa Aznar, analista do BB Investimentos (BB-BI), mesmo com o resultado ruim, a “companhia apresentou melhoria operacional no segundo trimestre, com aumento de receita mesmo em um cenário adverso. O resultado financeiro continuou pesando no balanço”, escreveu em relatório.

Segundo a própria varejista, o resultado foi pressionado pela despesa financeira líquida de R$ 1,1 bilhão no período. Com a alta da taxa básica de juros (Selic) aumentaram os custos financeiros da empresa, que tem dívida atrelada ao CDI.

Em relatório, analistas da XP destacaram que além das despesas financeiras da Casas Bahia afetadas pelo maior patamar da Selic nos últimos vinte anos, a empresa está diante de “um cenário macro ainda frágil para bens duráveis, comprometendo o volume de vendas de itens como eletrodomésticos e eletroeletrônicos”.

Hoje, a família Klein, fundadora da rede, é minoritária. Tinha 22% da empresa e teve sua participação diluída com a conversão das dívidas para cerca 4%, o que inviabilizou o aumento de sua participação no Conselho de Administração da empresa.