A Polícia de São Paulo investiga a atuação de um grupo já apelidado pelos moradores de Higienópolis como “gangue do quipá”. Os suspeitos usam o pequeno chapéu na hora de invadir prédios de luxo no bairro paulistano. A peça, usada por homens judeus como símbolo de respeito a Deus, foi incorporada ao disfarce, para circular sem levantar suspeitas em uma região com forte presença da comunidade judaica.
Na madrugada de 9 de agosto, por volta das 2h, criminosos tentaram entrar em um edifício na Rua Dr. Brasílio Machado, via de apenas dois quarteirões e considerada uma das mais nobres do bairro. Segundo moradores, eles se passaram por condôminos e conseguiram acessar os primeiros portões, mas não chegaram às áreas internas. A demora para avançar fez com que desistissem, fugindo em seguida e arrombando a porta de saída com uma chave de fenda.
Moradores relatam que o mesmo grupo já havia tentado se infiltrar no sábado anterior, quando falsos entregadores alegaram que buscariam uma chave em outro apartamento. Depoimentos indicam que os criminosos monitoram os prédios antes da ação. Entre junho e julho, motociclistas foram vistos parados em frente ao edifício sem motivo aparente, alegando esperar chamadas de entrega, embora não haja restaurantes próximos.
Em SP, moradores de Higienópolis temem ‘gangue do quipá’
A sequência de tentativas e a ousadia da quadrilha deixaram os moradores em alerta máximo. Vizinhos têm trocado informações em grupos de WhatsApp e compartilhado imagens das câmeras de segurança dos prédios, nas quais os suspeitos aparecem tentando acessar a portaria e áreas internas. As gravações foram entregues à Polícia Civil, que analisa o material como parte da investigação.
O clima é de apreensão, e muitos relatam pavor com a possibilidade de novas invasões. A suspeita é de que o grupo atue de forma itinerante pelo bairro, tentando o acesso a diferentes edifícios. A orientação é para que síndicos e porteiros acionem a polícia ao identificar pessoas paradas observando a movimentação nas entradas, como forma de inibir futuras tentativas.
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Esse tipo de crime não é inédito na região central e já foi registrado com frequência no bairro dos Jardins. Em casos anteriores, bandidos chegaram a permanecer um fim de semana inteiro dentro de edifícios de alto padrão, como em um prédio da Rua Haddock Lobo e outro da Rua Bela Cintra, onde se disfarçaram para circular pelas áreas comuns e ter acesso a apartamentos sem levantar suspeitas.