“O varejo de moda é um dos mais legais de atuar, pois falamos sobre encantamento e não há nada melhor do que isso”, ela começou Leila Martins, diretora de dados das Lojas Renner, em sua palestra na Plenária de Tecnologia & Inovação durante o Fórum E-Commerce Brasil. A palestrante foi convidada com o objetivo de explicar como uma cultura de dados é essencial para o sucesso das operações digitais.
Além da Renner, que completa 60 anos em 2025, o grupo é composto pela Youcom, Camicado e Ashua.

“Sem uma cultura forte de dados e uma plataforma robusta, é muito difícil escalar o negócio de forma sustentável”, comenta. E completa: “os dados são a base de tudo e fundamentais para dar ao time o material necessário para criar nossos produtos e direcionar a organização”.
Neste contexto, os dados permitem uma integração omnichannel mais inteligente, respeitando a cadeia produtiva e a cadeia de abastecimento. Só a partir de uma cultura bem estabelecida e com uma eficiência operacional é que a empresa pode começar a pensar em usar esses dados na implementação da inteligência artificial, alega a executiva.
Desafios para a implementação da IA
“Se você não tem a fundação necessária é improvavél que alcance com a IA um resultado adequado e, caso alcance, nao será capaz de absorver toda a capacidade que essa tecnologia pode proporcionar”, explica.
Para funcionar, é preciso considerar 4 fatores:
- Fundação de dados robusta e bem estruturada que suporte a estratégia;
- Alinhamento estratégico;
- Cultura data driven;
- Escalar o uso com um ótimo ROI.
“Temos uma orientação muito grande de ‘não fazer por fazer’, mas sim de fazer com o objetivo de gerar um retorno positivo, qualitativo e quantitativo, no final do dia”, pontua.
Após a pandemia, a companhia, que já era voltado à digitalização, entendeu a importância de aumentar o engajamento e focar em soluções estratégicas com geração de valor.
“É importante começar com o negócio, não com a tecnologia, pois a cultura é o maior desafio, mas também o maior ativo da companhia”, aponta.
Com essa mentalidade, a empresa começou a reforçar seu alicerce de dados. São mais de 300 terabytes e bilhões de variáveis em um ambiente analítico escalável. “Hoje trabalhamos com uma variedade de dados muito grande, desde o e-commerce até o que coletado nas lojas. Soma-se a isso os dados de NPS, avaliação de clientes e pesquisas”.
Em cima de tudo isso, há camadas de monitoramento, análise e consumo dos recursos operacionais. “Não podemos deixar de citar a parte de governança e proteção de dados. Implementamos, com uma estrutura multidisciplinar, um arcabouço de processos e políticas para aplicar a Inteligência Artificial com o menor risco possível”, explica.
Apesar da estrutura centralizada, a empresa emprega ações descentralizadas para um sistema de agilidade do negócio.
IA generativa e BI cognitivo
“O objetivo aqui é gerar valor em escala e com autonomia entre as áreas de negócio”, explica.
Além da parte visível, a IA é aplicada de forma estratégica no desenvolvimento de soluções e algorítimos para a redução do esforço manual e tecnológico dentro dos Centros de Distribuição (sendo o maior deles o de Cabriuva) e também da otimização do tempo de entrega entre os CDs, o consumidor final e as lojas físicas.
Na parte visível, a IA também é bastante relevante nas comunicações e atendimento ao consumidor. O algorítimo permite sugestões de novos produtos a partir de dados de navegação e interações mais precisas pelos canais da loja.
Quando o assunto são recomendações qualificadas, a IA auxilia a recuperação de carrinhos abandonados e melhora do NPS na experiência conversacional nos canais digitais.
“É importante para nós que o cliente tenha no digital tudo o que encontra na loja física e, na loja física, por sua vez, temos o auxílio da organização estratégica do espaço para que o cliente tenha a melhor experiência de compra e encontre tudo o que desaja”, pontua.
Na jornada do colaborador, a IA tem auxiliado também na solução de dúvidas, consulta de informações para exclarecer perguntas jurídicas, práticas e estratégicas, reduzindo o erro e facilitando a execução das tarefas diárias.
Quando o assunto é IA para o conteúdo, há uma possibilidade de agilidade na criação das imagens, o que possibilita um resultado de conversão muito superior ao de um produto sem imagem.
A partir dos resultados, a empresa pode mensurar quais práticas são as mais eficientes e melhorar a adesão para novos projetos.
“A inteligência artificial está vindo como uma avalanche e a cada semestre é como se tudo se transformasse e as certezas sobre os negócios mudam”, justifica a executiva sobre a importância de um laboratório de iniciativas corporativas.
“A IA está sim revolucionando o varejo e o padrão de operação no canal digital. Quem não acompanhar essa transformação vai ficar para trás”, explica.