Veículo: Valor Econômico
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Data: 30/07/2025

Editoria: Shopping Pátio Higienópolis
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Vendas da Gucci caem 25% e lucro despenca

As vendas da Gucci despencaram novamente no trimestre mais recente da Kering, ressaltando a dimensão do desafio que o novo executivo-chefe (CEO) do grupo de luxo francês, Luca de Meo, terá pela frente. Ele deve assumir o cargo em setembro.

Em termos comparáveis, a receita da Gucci caiu 25%, para € 1,46 bilhão, no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2024. Essa queda foi semelhante à do primeiro trimestre e veio em linha com as expectativas de analistas compiladas pela Visible Alpha.

A Gucci representa cerca de metade das vendas da Kering e dois terços do lucro operacional. A tentativa de reverter a situação da marca estagnou, e o desempenho do restante do grupo também se deteriorou em meio a uma desaceleração global da demanda por produtos de luxo. As vendas da Yves Saint Laurent, segunda maior marca do grupo, também caíram 10% no trimestre.

“Embora os números que estamos divulgando permaneçam muito aquém do nosso potencial, temos certeza de que nossos esforços abrangentes nos últimos dois anos estabeleceram bases saudáveis para as próximas etapas do desenvolvimento da Kering”, afirmou François-Henri Pinault, presidente do conselho de administração e atual CEO.

A diretora financeira, Armelle Poulou, afirmou que as vendas da Gucci melhoraram entre os consumidores americanos, enquanto a Bottega Veneta e a divisão de óculos registraram crescimento de um dígito no período.

O lucro operacional no primeiro semestre caiu 39%, para € 969 milhões, puxado por uma queda de mais de 50% na Gucci. As vendas em todas as regiões principais tiveram queda de dois dígitos no trimestre, totalizando € 3,7 bilhões – um declínio orgânico de 15%, em linha com as expectativas.

De Meo, creditado por reverter a situação difícil da montadora Renault e que deve assumir o cargo em setembro, terá de melhorar o desempenho da Kering, lidar com o crescente endividamento do grupo e reconfigurar sua gestão, segundo o analista da Bernstein, Luca Solca.

A dívida líquida do grupo com sede em Paris somava € 10,5 bilhões em 2024, mais que o quádruplo do registrado em 2022.

“O aumento no nível de endividamento da Kering despertou preocupações entre os investidores”, afirmaram analistas do HSBC antes da divulgação dos resultados desta terça-feira, apontando as sucessivas aquisições e negócios imobiliários, especialmente diante da queda de 50% no lucro antes de juros e impostos no ano passado, que deverá “continuar sob pressão em 2025″.

De Meo substituirá Pinault, herdeiro da família controladora da Kering, que acumula os cargos de CEO e presidente do conselho desde 2005. Pinault permanecerá como presidente, quando De Meo assumir o comando executivo.

Ele também deve decidir se vai exercer a opção de compra dos 70% da Valentino pertencentes ao fundo do Catar Mayhoola – a Kering já detém 30% – e se vai retomar o controle da licença de beleza da Gucci da Coty quando ela vencer.

A situação da Kering se deteriorou desde que a Gucci começou a perder apelo, há quatro anos. A tentativa de recuperação da marca estagnou, e a desaceleração mais ampla do mercado de luxo também afetou o desempenho da Kering, assim como o de rivais como LVMH e Richemont, dona da Cartier.

Em março, as ações caíram mais de 10% em um único dia, após a reação negativa do mercado à nomeação do estilista da Balenciaga, Demna Gvasalia, para liderar a marca, substituindo Sabato De Sarno. A expectativa é que ele apresente sua primeira coleção para a casa no início de 2026.

As ações da Kering caíram quase um quarto no último ano, fazendo com que o grupo passasse a valer menos de € 27 bilhões. (Tradução de Marina Della Valle)